• Skip to primary navigation
  • Skip to main content
  • Skip to primary sidebar

Charles Eisenstein

  • About
  • Essays
  • Videos
  • Podcasts
    • Charles Eisenstein Random
    • A New and Ancient Story Podcast
    • Outside Interviews
  • Courses
    • The Sanity Project
    • Climate — Inside and Out
    • Conversations with Orland Bishop, Course One
    • Conversations with Orland Bishop, Course Two
    • Conversations with Orland Bishop, Course Three
    • Dietary Transformation from the Inside Out
    • Living in the Gift
    • Masculinity: A New Story
    • Metaphysics & Mystery
    • Space Between Stories
    • Unlearning: For Change Agents
  • NAAS
  • Books
    • The Coronation
    • Climate — A New Story
    • The More Beautiful World Our Hearts Know Is Possible
    • The Ascent of Humanity
    • Sacred Economics
    • The Yoga of Eating
  • Events
  • Donate

A Coroação

April 15, 2020 by Charles Eisenstein

April 2020
Tradução de Fabio Marinho e Rita Martins. Há uma versão em inglês deste ensaio.


Durante anos, a normalidade foi distendida quase até o ponto de ruptura, uma corda cada vez mais esticada, pronta para que uma bicada do cisne negro a partisse em dois. Agora que a corda se rompeu, devemos amarrar as suas pontas uma à outra ou desfazer ainda mais as tranças penduradas para ver o que com elas poderemos tecer?

A Covid-19 mostra-nos que, quando a humanidade está unida por uma causa comum, é possível uma mudança fenomenalmente rápida. Nenhum dos problemas do mundo é tecnicamente difícil de resolver; eles têm a sua origem no desacordo humano. Em circunstâncias de coerência, os poderes criativos da humanidade são ilimitados. Há alguns meses, uma proposta para interromper as viagens aéreas comerciais teria parecido absurda. O mesmo se aplica às mudanças radicais que estão a decorrer nos nossos comportamento social e economia, assim como no que toca ao papel do governo nas nossas vidas. A Covid demonstra o poder da nossa vontade coletiva quando concordamos sobre o que é realmente importante. Numa situação de coerência, o que mais poderemos alcançar? O que queremos nós alcançar e que mundo devemos criar? Essa será sempre a pergunta suscitada por alguém que desperta para o seu poder.

A Covid-19 assemelha-se a uma intervenção de reabilitação que quebra o domínio viciante da normalidade. Interromper um hábito é torná-lo visível; é transformá-lo de uma compulsão numa escolha. Quando a crise terminar, poderemos ter a oportunidade de perguntar se queremos voltar ao normal ou se há algo que vimos durante essa interrupção nas rotinas que queremos trazer para o futuro. Podemos perguntar, após tantos terem perdido os seus empregos, se todos esses serão os empregos que o mundo mais precisa, e se os nossos trabalho e criatividade talvez possam ser mais bem aplicados noutras ocupações. Podemos perguntar, depois de um tempo sem isso, se realmente precisamos de tantas viagens aéreas, férias na Disneyworld ou feiras de carácter comercial. Que partes da economia queremos restaurar e de quais partes podemos conscientemente prescindir? E, focando numa área mais sombria, de tudo o que está correntemente a ser retirado – direitos civis, o direito de reunião, a soberania sobre os nossos corpos, encontros pessoais, abraços, apertos de mão e vida pública – quais desses elementos poderemos precisar de restaurar com recurso a políticas intencionais e vontade pessoal?

Durante a maior parte da minha vida, tive a sensação de que a humanidade estava a aproximar-se de uma encruzilhada. A crise, o colapso, a ruptura estavam sempre iminentes, logo ali ao virar da esquina, mas não vinham, nunca chegavam. Imagine andar por uma estrada e, logo à frente, avista a encruzilhada. É logo ali acima da colina, a seguir à curva, além da floresta. Em atingindo o topo da colina, percebe que estava enganado, que era uma miragem, e que estava mais longe do que pensava. Então prossegue a marcha. Às vezes, a encruzilhada volta a aparecer, outras desaparece de vista. Essa estrada parece interminável. Talvez não haja uma encruzilhada. Não, afinal aí está ela novamente! Está quase sempre aqui. Mas nunca está aqui.

Agora, de repente, contornamos a curva e aqui está ela. Paramos, quase incapazes de acreditar que está realmente a acontecer. Após anos confinados ao caminho dos nossos antecessores, mal conseguimos crer que agora, finalmente, temos uma escolha. Temos todas as razões para parar, atordoados com a novidade da nossa situação. Centenas de caminhos irradiam à nossa frente, alguns levam na mesma direção que já seguíamos. Alguns levam ao inferno na terra. E outros levam a um mundo mais curado e belo que jamais imaginámos ser possível.

Escrevo estas palavras com o objetivo de estar aqui consigo – confuso, assustado talvez, mas também sentindo uma nova possibilidade – neste ponto de caminhos divergentes. Vamos observar alguns deles e ver onde nos conduzem.

* * *

Na semana passada chegou-me a seguinte história de uma amiga: ela estava numa mercearia e apercebeu-se de uma mulher que chorava no corredor. Desrespeitando as regras de distanciamento social, ela aproximou-se da mulher e abraçou-a. “Obrigada”, disse a mulher, “é a primeira vez que alguém me abraça nos últimos dez dias.”

Ficar sem abraços por algumas semanas parece um pequeno preço a pagar para deter a propagação de uma epidemia que pode custar milhões de vidas. Há um forte argumento a favor do distanciamento social no curto prazo: impedir que um aumento repentino de casos da Covid sobrecarregue o sistema médico. Gostaria de posicionar esse argumento num contexto mais amplo, especialmente quando olhamos para o longo prazo. Para que não institucionalizemos o distanciamento e não reconstruamos a sociedade em torno desse conceito, tenhamos consciência de que escolha estamos a fazer e por quê.

O mesmo é válido para as outras mudanças que têm ocorrido em torno da epidemia do coronavírus. Alguns comentadores observaram como o vírus parece encaixar-se na perfeição numa agenda de controlo totalitário. Um público assustado aceita restrições de liberdades civis que, de outra forma, seriam difíceis de justificar, como o rastreamento total dos movimentos, o tratamento médico imposto, a quarentena involuntária, as restrições de viagens e direito de reunião, a censura ao que as autoridades consideram ser desinformação, a suspensão do habeas corpus e o policiamento militar de civis. Muitas destas medidas estavam já em curso ainda antes do despoletar da Covid-19; desde o seu advento, estas passaram a ser irresistíveis. O mesmo acontece no caso da automação do comércio; da transição da participação nos desporto e entretenimento para uma visualização remota; da migração da vida dos espaços públicos para os privados; da transição das escolas locais para a educação online; do declínio das lojas físicas e o mudança do trabalho humano e do lazer para os ecrãs. A Covid-19 está a acelerar tendências políticas, económicas e sociais que já existiam.

Embora todas as opções acima sejam justificadas no curto prazo com o propósito de se alcançar um achatamento da curva (curva de crescimento epidemiológico), também nos vamos apercebendo de um “novo normal”; isto é, as mudanças podem não ser de modo nenhum temporárias. Dado que a ameaça de doenças infecciosas, assim como a ameaça do terrorismo, jamais desaparecerão, as medidas de controlo podem facilmente tornar-se permanentes. Como já seguíamos nessa direção, a justificativa atual deverá fazer parte de um impulso mais profundo. Analisarei este impulso em duas partes: o reflexo do controlo e a guerra contra a morte. A partir deste entendimento surge uma nova oportunidade de iniciação, a qual assumiu já as formas de solidariedade, compaixão e cuidados, inspirados pela eclosão da Covid-19.

O Reflexo do Controlo

No momento em que escrevo, as estatísticas oficiais apontam para que cerca de 25.000 pessoas tenham morrido devido à Covid-19. (Atualização em 25 de Março. Agora, em 2 de Abril, são já 50.000. Não vou continuar a atualizar dado que quaisquer números que eu usar ficarão obsoletos no momento em que a maioria das pessoas ler este ensaio.) Num balanço final, o número de mortos poderá ser dez ou cem vezes superior, ou até mesmo, se os palpites mais alarmantes estiverem correctos, mil vezes maior. Cada uma dessas pessoas tem entes queridos, familiares e amigos. Compaixão e consciência chamam-nos a fazer o que pudermos para evitar tragédias desnecessárias. Isto ressoa em mim: a minha infinitamente querida, mas frágil, mãe está entre os mais vulneráveis a uma doença que mata principalmente os idosos e os enfermos.

Quais serão os números finais? É impossível responder a essa pergunta no momento da redação deste texto. Os primeiros relatórios foram alarmantes; durante semanas, a taxa de mortalidade oficial de Wuhan, que circulava incessantemente nos media, foi de uns chocantes 3,4%. Isso, associado à natureza altamente contagiosa do vírus, apontava para dezenas de milhões de mortes em todo o mundo, ou até 100 milhões. Mais recentemente, as estimativas caíram, pois ter-se-á tornado evidente que a maioria dos casos é leve ou assintomática. Como os testes estavam a ser maioritariamente efetuados em pacientes gravemente doentes, a taxa de mortalidade aparentava ser artificialmente alta. Na Coreia do Sul, onde centenas de milhares de pessoas com sintomas leves foram testadas, a taxa de mortalidade relatada é de cerca de 1%. Na Alemanha, cujo teste também se estende a muitos com sintomas leves, a taxa de mortalidade é de 0,4%. Um artigo recente da revista Science argumenta que 86% das infeções não terão sido documentadas, o que aponta para uma taxa de mortalidade muito menor do que a indicada pelos cálculos atuais.

A história do navio de cruzeiro Diamond Princess reforça essa visão. Das 3.711 pessoas a bordo, cerca de 20% testaram positivo em relação ao vírus; menos de metade apresentou sintomas, oito morreram. Um navio de cruzeiro é o cenário perfeito para contágio, e houve muito tempo para o vírus se espalhar a bordo antes que alguém fizesse algo a respeito, mas apenas um quinto dos passageiros ficou infectado. Além disso, a população do navio de cruzeiro era (como a maioria dos navios de cruzeiro)  maioritariamente composta por pessoas da terceira idade: quase um terço dos passageiros tinha mais de 70 anos e mais de metade estava acima dos 60. Uma equipa de investigadores concluiu, a partir do grande número de casos assintomáticos, que a taxa de mortalidade efetiva na China é de cerca de 0,5%. Ainda é cinco vezes maior do que a da gripe. Com base no exposto (e ajustando para uma demografia muito mais jovem em África, assim como nos sul e sudeste da Ásia), o meu palpite é de cerca de 200.000 a 300.000 mortes nos EUA – serão mais caso o sistema médico estiver sobrecarregado, menos se as infecções se espalharem espaçadamente – e 3 milhões globalmente. Esses são números a ter em conta. Desde a pandemia da gripe de Hong Kong de 1968-69 que o mundo não experienciava algo parecido.

Os meus palpites poderiam ser facilmente considerados erróneos. Todos os dias, os media relatam o número total de casos de Covid-19, mas ninguém tem ideia sobre o número efetivo, pois apenas uma pequena proporção da população terá sido testada. Se dezenas de milhões tiverem o vírus de forma assintomática, nunca o saberemos. A alta taxa de falsos positivos nos testes efetuados, possivelmente atingindo níveis como 80%, torna a questão ainda mais complexa. (E pode verificarse aqui que existem ainda mais incertezas alarmantes sobre a precisão do teste.) Deixe-me repetir: ninguém sabe o que realmente está a acontecer, nem eu. Precisamos estar conscientes de duas tendências contraditórias nas questões humanas. A primeira é a tendência para uma histeria que se autoalimenta, excluindo os dados que não causam medo e criando o mundo à sua própria imagem. A segunda é a negação, a rejeição irracional de informações que podem descontinuar a normalidade e o conforto. Daniel Schmactenberger pergunta: Como sabe se aquilo em que acredita é verdade?

Perante tamanha incerteza, gostaria de fazer uma previsão: a crise ir-se-á desenrolar de tal modo que nunca iremos saber. Se a contagem final de mortes, ela própria objeto de disputa, for menor do que se temia, alguns dirão que é porque os controlos funcionaram. Outros dirão que é porque a doença não era tão perigosa quanto nos haviam alertado.

Para mim, o quebra-cabeça mais desconcertante é o motivo pelo qual, atualmente, parecem não surgir novos casos na China. O governo só iniciou as medidas de confinamento das pessoas até bem depois  de o vírus já estar estabelecido. Dever-se-ia ter espalhado amplamente durante o Ano Novo Chinês, quando todos os aviões, comboios e autocarros estavam lotados de pessoas que viajavam por todo o país. O que se passa? Eu não sei, e você também não.

Seja o número final de mortos 50.000, 500.000 ou 5 milhões, vamos analisar outros números para poder estabelecer uma comparação. Não quero com isto dizer que a Covid não é tão nociva e que não devemos fazer nada. Mas pense comigo. No ano passado, de acordo com a FAO, cinco milhões de crianças em todo o mundo terão morrido de fome (entre 162 milhões que são atrofiadas e 51 milhões raquíticas). Este é um nível 200 vezes superior ao número atual das vítimas mortais da Covid-19, no entanto nenhum governo declarou estado de emergência ou pediu que alterássemos o nosso modo de vida para salvá-las. Também não vemos um estado comparável de alarme e de ação em torno do suicídio – a mera ponta de um iceberg de desespero e depressão – que mata mais de um milhão de pessoas por ano em todo o mundo, 50.000 só nos EUA. Ou a respeito dos casos de overdose, que matam 70.000 nos EUA, ou a epidemia de doenças autoimunes que afeta de 23,5 milhões (número do NIH) a 50 milhões (AARDA), ou de obesidade, que atinge mais de 100 milhões. Por que, aliás, não estamos tão empenhados em evitar o armagedão nuclear ou o colapso ecológico, mas, pelo contrário, buscamos opções que ampliam ainda mais esses mesmos perigos?

Claro, não defendo a ideia de que, uma vez que não mudámos os nossos hábitos para impedir que as crianças passem fome, então também não devemos alterá-los para a Covid. É justamente o contrário: se podemos mudar tão radicalmente face à pandemia atual, podemos fazê-lo também para essas outras situações. Perguntemo-nos, então, por que somos capazes de unificar a nossa vontade coletiva para conter este vírus, mas não para enfrentar outras ameaças graves à humanidade. Porque, até agora, a sociedade tem estado tão paralisada na sua trajetória até aqui?

A resposta é reveladora. Simplesmente, porque diante da fome no mundo, do vício, da autoimunidade, do suicídio ou do colapso ecológico, nós, como sociedade, não sabemos o que fazer. As nossas respostas a crises, que trazem consigo sempre algum tipo de controlo, não são muito eficazes para lidar com essas condições. Agora aparece uma epidemia contagiosa e, finalmente, podemos entrar em ação. É uma crise para a qual o controlo funciona: quarentenas, bloqueios, isolamento, lavagem das mãos, controlo de movimento, controlo de informações, controlo dos nossos corpos. Isso faz da Covid um receptáculo conveniente para os nossos medos mais rudimentares, um lugar para onde canalizar o nosso crescente sentimento de desamparo diante das mudanças que dominam o mundo. A atual pandemia é uma ameaça que sabemos como enfrentar. Ao contrário de tantos outros medos, a Covid-19 oferece um plano.

As instituições estabelecidas da nossa civilização estão cada vez mais impotentes face aos desafios do nosso tempo. Mais bem-vindo será, nessas circunstâncias, um desafio que finalmente podem enfrentar. Mais ávidas estarão em assumi-lo como uma crise suprema. Mais naturalmente os seus sistemas de gestão de informação selecionarão os retratos mais alarmantes dessa crise. Mais facilmente o público entrará em pânico, acatando essa ameaça com que as autoridades podem lidar como substituta para as várias outras, inaudíveis, contra as quais nada podem fazer.

Hoje, a maioria dos nossos desafios já não sucumbe à força. Os nossos antibióticos e cirurgias não conseguem atender às crescentes crises de saúde, autoimunidade, vícios e obesidade. As nossas armas e bombas, construídas para conquistar exércitos, são inúteis para eliminar o ódio alémfronteiras ou manter a violência doméstica fora das nossas casas. As nossas polícia e prisões não podem curar as condições de reprodução do crime. Os nossos pesticidas não conseguem restaurar o solo arruinado. Já a Covid-19 relembra os bons velhos tempos em que os desafios das doenças infecciosas sucumbiam à medicina e à higiene modernas, ao mesmo tempo em que os nazis sucumbiam à máquina de guerra, e a própria natureza sucumbia, pelo menos aparentemente, às conquistas e melhorias tecnológicas. Essa doença lembra os dias em que as nossas armas funcionavam e o mundo parecia realmente estar a melhorar com cada nova tecnologia de controlo.

Que tipo de problema se curva à dominação e ao controlo? O tipo causado por algo de fora, por algo Outro. Quando a causa do problema é algo íntimo a nós mesmos, como uma situação de sem-abrigo ou desigualdade, vício ou obesidade, não há nada contra o que lutar. Podemos tentar criar um inimigo, culpando, por exemplo, os bilionários, Vladimir Putin ou o Demónio, mas, com esta estratégia, não consideramos informações importantes tais como as condições do terreno que permitiram que os bilionários (ou os vírus) se reproduzissem.

Se há algo em que nossa civilização é boa, é em combater um inimigo. Congratulamo-nos com as oportunidades de fazer aquilo em que somos bons, o que comprova a legitimidade dos nossos sistemas, tecnologias e visão de mundo. E assim, fabricamos inimigos, apresentamos problemas como crime, terrorismo e doenças em termos de “nós versus eles”, e mobilizamos as nossas energias coletivas para as diligências que podem ser vistas dessa maneira. Assim, usamos a Covid19 como um chamado às armas, reorganizando a sociedade como se fosse para um esforço de guerra, enquanto tratamos como normal a possibilidade do armagedão nuclear, o colapso ecológico ou cinco milhões de crianças a morrer à fome.

A Narrativa da Conspiração

Como a Covid-19 parece justificar tantos itens da lista de desejos totalitários, há quem acredite que ela seja parte de um jogo deliberado de poder. Não é meu objetivo promover essa teoria nem desmerecê-la, mesmo que teça alguns comentários a um nível abstracto. Mas primeiro, uma breve visão geral.

As teorias (e existem muitas variantes das mesmas) falam sobre o Evento 201 (patrocinado pelas Gates Foundation, CIA, etc. em Setembro passado) e um relatório da Rockefeller Foundation de 2010, o qual detalha um cenário chamado “Lockstep”. Ambos descrevem a resposta autoritária a uma hipotética pandemia. As teorias observam que a infraestrutura, a tecnologia e o enquadramento legislativo para a aplicação de uma lei marcial estão já em preparação há muitos anos. Seria apenas necessária, dizem, uma maneira de fazer o público abraçar a ideia, o que agora aconteceu. Independentemente de os controlos atuais serem ou não permanentes, um precedente está a ser definido para:

  • O rastreamento total dos movimentos das pessoas (por causa do coronavírus)
  • A suspensão do direito de reunião (por causa do coronavírus)
  • O policiamento militar de civis (por causa do coronavírus)
  • A detenção extrajudicial e indefinida (quarentena, por causa do coronavírus)
  • A proibição do uso de papel moeda (por causa do coronavírus)
  • A censura na Internet (para combater a desinformação, por causa do coronavírus)
  • A vacinação e outros tratamentos médicos obrigatórios, estabelecendo a soberania do Estado sobre os nossos corpos (por causa do coronavírus)
  • A classificação de todas as atividades e destinos como expressamente permitidos ou expressamente proibidos (o cidadão pode deixar a sua casa por isto, mas não por aquilo), eliminando a zona cinzenta não policiada e não judicializada. Esta totalidade é a própria essência do totalitarismo. Que ficou necessária agora por causa, bem, do coronavírus.

Tudo isto é material suculento para teorias da conspiração. Pelo que sei, qualquer uma dessas teorias poderá ser verdade; no entanto, esta mesma progressão de eventos a que estamos a assistir poder-se-ia ter manifestado tendo como base uma inclinação sistémica inconsciente em direção a um controlo cada vez maior. Mas de onde virá essa inclinação? Está tecida no DNA da civilização. Durante milénios, a nossa civilização (em oposição às culturas tradicionais de pequena escala) entendeu que o progresso passaria por se estender o controlo ao mundo: domesticar o selvagem, conquistar os bárbaros, dominar as forças da natureza, ordenar a sociedade de acordo com a lei e a razão. A ascensão do controlo acelerou-se com a Revolução Científica, que lançou o “progresso” a novas alturas: a ordenação da realidade em categorias e quantidades objetivas e o domínio da materialidade pela tecnologia. Além disso, as ciências sociais prometeram usar os mesmos meios e métodos para cumprir a ambição (que remonta a Platão e Confúcio) de criar uma sociedade perfeita.

Aqueles que gerem a civilização receberão bem, portanto, qualquer oportunidade para fortalecer o seu domínio, pois, afinal, ele está ao serviço de uma grande visão do destino humano: o mundo perfeitamente ordenado, no qual doenças, crimes, pobreza e talvez o próprio sofrimento possam ser projetados para fora da existência. Não são necessários motivos nefastos. É claro que gostariam de manter o controlo sobre todos – tudo em prol do bem comum. Para eles, a Covid-19 mostra exactamente como tal é necessário. “Podemos dar-nos ao luxo de dispor de liberdades democráticas à luz do coronavírus?” perguntam. “Devemos agora, por absoluta necessidade, sacrificar essas liberdades para nossa própria segurança?” É um refrão familiar, pois acompanhou outras crises no passado, como a do 11 de Setembro.

Em jeito de adaptação de uma metáfora comum, imagine um homem com um martelo que anda à procura de um motivo para usá-lo. De repente, ele vê um prego sobressaído. Ele busca um prego há muito, ao mesmo tempo que vai apertando parafusos e porcas sem que se sinta muito realizado. Ele faz parte da visão de um mundo em que os martelos são as melhores ferramentas, e o mundo pode ser melhorado martelando-se os pregos. E aqui está um, finalmente! Podemos suspeitar que, em toda a sua ânsia, o prego tenha sido lá colocado pelo próprio, mas isso pouco importa. Talvez nem seja um prego que esteja sobressaído, mas algo que se assemelha a um o suficiente para que se comece a martelar. Quando a ferramenta está pronta, surgirá inevitavelmente a oportunidade para usá-la.

E acrescentarei, para aqueles que tendem a duvidar das autoridades, que possivelmente desta vez seja realmente um prego. Nesse caso, o martelo é a ferramenta certa – e o princípio do martelo emergirá mais forte, pronto para ser usado no parafuso, no botão, no gancho, na fenda.

De qualquer maneira, o problema com o qual lidamos aqui é muito mais profundo do que o de derrubar um círculo maligno de conspiradores Illuminati. Mesmo que existam, dada a inclinação da civilização, registar-se-ia a mesma tendência sem eles, ou surgiriam novos Illuminati para assumir as funções dos antigos.

Verdadeira ou falsa, a ideia de que a epidemia é uma trama monstruosa perpetrada por malfeitores sobre a população não está muito longe do paradigma de buscar o vírus culpado pelas nossas doenças. É uma mentalidade de cruzada, de guerra. Ela localiza a fonte de uma doença sociopolítica num vírus contra o qual podemos lutar, um vitimador separado de nós mesmos. Com isso, a mentalidade ignora as condições que tornam a sociedade terreno fértil para que a trama possa acontecer. Se esse terreno foi semeado de propósito ou se o foi pelo vento é, para mim, uma questão secundária.

O que vou dizer a seguir é relevante, sejam ou não verdadeiras as seguintes afirmações: que a

Covid-19 é uma arma biológica geneticamente modificada, que está relacionado à implantação do 5G, que está a ser usada para impedir a “revelação”, que é um cavalo de Tróia para um governo mundial totalitário, que é mais mortal do que nos foi dito, que é menos mortal do que nos foi dito, que surgiu num biolaboratório de Wuhan ou em Fort Detrick (EUA), ou que é exatamente como o CDC [N.T. Center for Disease Control and Prevention, EUA] e a OMS nos têm dito. O que vou dizer aplica-se mesmo que todos estejam totalmente errados sobre o papel do vírus SARS-CoV-2 na atual epidemia. Tenho as minhas opiniões, mas se há uma coisa que aprendi ao longo desta emergência é que realmente não sei o que está a acontecer. Não vejo como alguém poderia saber, no meio da quantidade de notícias, fakes news, rumores, informações suprimidas, teorias da conspiração, propaganda e narrativas politizadas que enchem a Internet. Gostaria que muitas mais pessoas aceitassem o não saber. Digo isto tanto àqueles que adoptam a narrativa dominante quanto àqueles que adoptam as narrativas dissidentes. Que informações podemos estar a bloquear apenas com o intuito de manter a integridade dos nossos pontos de vista? Sejamos humildes nas nossas crenças: é uma questão de vida ou morte.

A Guerra contra a Morte

Há duas semanas que o meu filho de sete anos não vê nem brinca com outra criança. Milhões de outras estão no mesmo barco. A maioria concorda que um mês sem interação social para todas essas crianças será um sacrifício razoável para salvar um milhão de vidas. Mas e se fosse para salvar 100.000 vidas? E se o sacrifício não durar um mês, mas um ano? Ou cinco anos? Pessoas diferentes terão opiniões diferentes sobre esta matéria, de acordo com os seus valores intrínsecos.

Vamos substituir as perguntas anteriores por algo mais pessoal, superando o pensamento utilitário desumano que transforma pessoas em estatísticas e sacrifica algumas delas por algo mais. A pergunta relevante para mim seria: pediria eu a todas crianças do país que deixassem de brincar por uma temporada, se isso reduzisse o risco da minha mãe morrer ou o meu próprio risco? Ou poderia perguntar: decretaria eu o fim dos abraços e apertos de mão humanos, se isso salvasse a minha própria vida? Não se trata aqui de desvalorizar a vida da minha mãe ou a minha, ambas preciosas. Sou grato por todos os dias que ela ainda está connosco. Mas essas questões trazem considerações profundas. Qual o caminho certo para viver? Qual o caminho certo para morrer?

A resposta a essas perguntas, seja feita em nome de cada um ou em nome da sociedade em geral, depende de como consideramos a morte e de quanto valorizamos o brincar, o toque e a união, juntamente com as liberdades civis e a liberdade pessoal. Não existe uma fórmula fácil para equilibrar esses valores.

Ao longo da minha vida, assisti à evolução de sociedade que enfatiza cada vez mais a segurança, a proteção e a redução de riscos. Isso afetou especialmente a infância: quando eu era menino, era normal percorrermos uma milha longe de casa sem supervisão – tal comportamento traria hoje aos pais uma visita dos Serviços de Proteção à Criança. Esse ênfase também se manifesta na forma de luvas de látex para mais e mais profissões; desinfectante para as mãos por toda a parte; edifícios escolares trancados, guardados e vigiados; intensificação da segurança nos aeroportos e nas fronteiras; maior conscientização sobre seguros de responsabilidade civil; detectores de metal e pessoas passadas a revista antes de entrar em muitas arenas desportivas e prédios públicos, e assim por diante. Em larga escala, isso tudo assume a forma do estado de segurança.

O mantra “segurança em primeiro lugar” vem de um sistema de valores que prioriza a sobrevivência e deprecia outros valores, como diversão, aventura, brincadeira e o desafio dos limites. Outras culturas tinham prioridades diferentes. Por exemplo, muitas culturas tradicionais e indígenas são bem menos protetoras com as crianças, como documentado no clássico de Jean Liedloff, The Continuum Concept. São-lhes permitidos riscos e responsabilidades que pareceriam insanos para a maioria das pessoas modernas, acreditando que tal é necessário para que as crianças desenvolvam auto-confiança e bom senso. Penso que a maioria das pessoas modernas, especialmente as mais jovens, retém parte dessa disposição inerente de sacrificar a segurança para viver a vida plenamente. A cultura circundante, no entanto, pressiona-nos incansavelmente a viver no medo, construindo sistemas que o incorporam. Neles, permanecer seguro torna-se extremamente importante. Logo, temos um sistema médico no qual a maioria das decisões se baseia em cálculos de risco e no qual o pior resultado possível, marcando o fracasso final do médico, é a morte. No entanto, todo este tempo, sabemos que a morte nos espera de qualquer modo. Uma vida salva, na verdade, significa uma morte adiada.

O cumprimento final do programa de controlo da civilização seria triunfar sobre a própria morte. Na sua impossibilidade, a sociedade moderna conforma-se com uma cópia desbotada desse triunfo: a negação ao invés da conquista. Vivemos numa sociedade de negação da morte, desde o esconderijo de cadáveres, até ao fetiche pela juventude, passando pelo armazenamento de idosos em casas de repouso. Até mesmo a obsessão por dinheiro e propriedade – extensões do eu, como indica a palavra “meu” – expressa a ilusão de que o eu impermanente pode tornar-se permanente através dos seus apegos. Tudo isso é inevitável, dada a história do “eu” que a modernidade oferece: o indivíduo separado num mundo de Outro. Cercado por concorrentes genéticos, sociais e económicos, esse “eu” deve proteger e dominar para prosperar. Ele deve fazer todo o possível para impedir a morte, que (na história da separação) é uma aniquilação total. A ciência biológica ensinou-nos que a nossa natureza é maximizar as nossas probabilidades de sobrevivência e reprodução.

Perguntei a uma médica amiga que passou algum tempo com os Q’ero no Peru, se esse povo, caso tivesse oportunidade, entubaria alguém para prolongar a sua vida. “Claro que não”, disse ela. “Convocariam o xamã para ajudá-lo a morrer bem.” Morrer bem (que não é necessariamente o mesmo que morrer sem dor) não faz parte do vocabulário médico de hoje. Não há registos hospitalares sobre se os pacientes morrem bem. Isso não seria considerado um resultado positivo. No mundo do eu separado, a morte é sempre a catástrofe final.

Mas será que é? Considere esta perspectiva da Dra. Lissa Rankin: “Nem todos nós gostaríamos de estar numa UCI, isolados de entes queridos, com uma máquina a respirar por nós, correndo o risco de morrer sozinhos – mesmo que isso acarretasse um aumento das hipóteses de sobrevivência. Alguns de nós podem preferir ser mantidos nos braços dos entes queridos em casa, mesmo que isso signifique ter chegado nossa hora… Lembre-se, a morte não é o fim. Morrer é ir para casa.”

Quando o “eu” é entendido como relacional, interdependente e mesmo interexistente, ele sangra no outro e o outro sangra no eu. Entendendo o “eu” como um lócus de consciência numa matriz de relacionamento, não se procura mais um inimigo como a chave para entender todos os problemas, mas busca-se, sim, os desequilíbrios nos relacionamentos. A Guerra contra a Morte abre caminho para a procura de uma vida boa e plena, e vemos que o medo da morte é realmente o medo da vida. A quanto da vida renunciaremos para permanecer seguros?

O totalitarismo – a perfeição do controlo – é o produto final inevitável da mitologia do eu separado.

O que mais, além de uma ameaça à vida, como, por exemplo, uma guerra, mereceria controlo total? Orwell [N.T.: no livro “1984”] identificou a guerra perpétua como um componente crucial do governo do Partido.

No contexto do programa de controlo, onde se incorporam a negação da morte e o eu separado, a suposição de que as políticas públicas devem procurar minimizar o número de mortes está quase incondicionalmente aceite, um objectivo ao qual estão subordinados todos os outros valores, como brincadeira, liberdade, etc. A Covid-19 oferece uma oportunidade para ampliar essa visão. Sim, devemos manter a vida sagrada, mais sagrada do que nunca. A morte ensina-nos isso. Consideremos cada pessoa, jovem ou velha, doente ou sã, como o ser sagrado, precioso e amado que é. E no círculo dos nossos corações, vamos abrir espaço para outros valores sagrados também. Manter a vida sagrada não é apenas viver por muito tempo, é viver bem, correta e plenamente.

Como todo o medo, o medo em torno do coronavírus aponta para o que pode estar além dele. Quem passou pela morte de alguém próximo sabe que a morte é um portal para o amor. A Covid-19 elevou a morte a um lugar de destaque na consciência de uma sociedade que a nega. Do outro lado do medo, podemos ver o amor que a morte libera. Deixemo-lo jorrar. Deixemo-lo saturar o solo da nossa cultura e encher os seus aquíferos, de modo a penetrar nas fendas dos nossos sistemas, instituições e hábitos. Alguns destes poderão morrer também.

Em que mundo devemos viver?

Quanto da vida queremos sacrificar no altar da segurança? Se isso nos mantiver mais seguros, queremos viver num mundo onde os seres humanos nunca se reúnem? Queremos usar sempre máscaras em público? Queremos ser examinados clinicamente cada vez que viajarmos, se isso salvar um número de vidas por ano? Estamos dispostos a aceitar a medicalização da vida em geral, entregando a soberania final sobre os nossos corpos às autoridades médicas (conforme selecionadas pelas autoridades políticas)? Queremos que todos os eventos sejam virtuais? Quanto estamos dispostos a viver no medo?

A Covid-19 acabará por enfraquecer, mas a ameaça de doenças infecciosas é permanente. A nossa resposta a essa ameaça define correntemente um caminho para o futuro. A vida pública, a vida comunitária, a vida de fisicalidade compartilhada já vem diminuindo ao longo de várias gerações. Em vez de fazer compras nas lojas, recebemos as coisas em casa. Em vez de grupos de crianças a brincar lá fora, temos encontros marcados para brincar e aventuras digitais. Em vez da praça pública, temos o fórum online. Queremos continuar a isolar-nos ainda mais uns dos outros e do mundo?

Não é difícil imaginar, especialmente se o distanciamento social for bem-sucedido, que a Covid-19 persista além dos 18 meses que nos dizem que ela perdurará. Não é difícil imaginar que novos vírus surgirão durante esse período. Não é difícil prever que medidas de emergência se tornem normais (para evitar a possibilidade de outro surto), similar ao estado de emergência declarado após o 11 de

Setembro que ainda está em vigor nos dias de hoje [N.T.: nos EUA]. Não é difícil imaginar que (como nos dizem) a reinfecção seja possível, fazendo com que a doença nunca termine. Tudo isto significa que as mudanças temporárias no nosso modo de vida podem tornar-se permanentes.

Para reduzir o risco de outra pandemia, escolheremos viver numa sociedade sem abraços, apertos de mão e cumprimentos para sempre? Escolheremos viver numa sociedade em que não mais nos reuniremos em massa? O concerto, a competição desportiva e o festival serão coisas do passado? As crianças não brincarão mais com outras crianças? Todo o contato humano deverá ser mediado por computadores e máscaras? Sem aulas de dança, sem aulas de karaté, sem conferências, sem igrejas? A redução da morte será o padrão pelo qual deveremos medir o progresso? O avanço humano significa separação? É este o futuro?

A mesma pergunta se aplica às ferramentas administrativas necessárias para controlar o movimento de pessoas e o fluxo de informações. No momento em que escrevo, todo o país está a caminhar para o confinamento. Nalguns países, é necessário imprimir um formulário num site do governo para se sair de casa. Isso lembra-me a escola, onde a localização de cada um deve ser permanentemente autorizada. Ou a prisão. Prevemos um futuro de passes eletrónicos, um sistema em que a liberdade de movimentos é governada pelos administradores estatais e seus softwares a toda a hora? No qual cada movimento é monitorizado, permitido ou proibido? E no qual informações que ameaçam a nossa saúde (como decidido novamente por várias autoridades) são censuradas para nosso próprio bem? Face a uma emergência, como um estado de guerra, aceitamos essas restrições e renunciamos temporariamente às nossas liberdades. Semelhante ao 11 de setembro, a Covid-19 ultrapassa todas as objeções.

Pela primeira vez na história, existem meios tecnológicos para concretizar essa visão, pelo menos no mundo desenvolvido (por exemplo, usando dados de localização de telefones móveis para reforçar o distanciamento social; veja também aqui). Após uma transição acidentada, poderíamos viver numa sociedade onde quase toda a vida acontece online: compras, reuniões, entretenimento, socialização, trabalho e até namoro. É isso que nós queremos? Isso vale quantas vidas salvas?

Estou certo de que muitos dos controlos hoje em vigor serão parcialmente aliviados daqui a alguns meses. Parcialmente aliviados, mas mantidos em prontidão. Enquanto as doenças infecciosas permanecerem connosco, é provável que os mesmos voltem a ser impostos no futuro ou sejam autoimpostos na forma de hábitos. Como o refere Deborah Tannen num artigo na Político sobre como o coronavírus mudará o mundo permanentemente: “Sabemos agora que tocar em coisas, estar com outras pessoas e respirar o ar num espaço fechado acarretam riscos. Pode tornar-se natural recusar apertos de mãos ou o toque nos nossos rostos – e todos podemos tornar-nos vítimas de um transtorno obsessivo-compulsivo generalizado, pois nenhum de nós conseguirá mais parar de lavar as mãos.” Depois de milhares ou milhões de anos de contato, toque e união, o auge do progresso humano passará pelo cessar dessas atividades devido ao seu teor arriscado?

Vida é Comunidade

O paradoxo do programa de controlo é que o seu desenlace raramente nos aproxima do seu objetivo. Apesar dos sistemas de segurança instalados em quase todas as casas da classe média alta, as pessoas não estão menos ansiosas ou inseguras do que há uma geração. Apesar de medidas de segurança elaboradas, as escolas não testemunham menos tiroteios em massa. Apesar do progresso fenomenal na tecnologia médica, as pessoas tornaram-se menos saudáveis nos últimos trinta anos à medida que as doenças crónicas proliferaram e a expectativa de vida estagnou, chegando mesmo a declinar nos EUA e na Grã-Bretanha.

As medidas instituídas para controlar a Covid-19 também poderão acabar por causar mais sofrimento e morte do que o que estão a prevenir. Minimizar mortes significa minimizar as mortes que sabemos prever e medir. É impossível medir as mortes adicionais que podem advir, por exemplo, da depressão induzida pelo isolamento ou o desespero causado pelo desemprego, ou a imunidade reduzida e a deterioração da saúde que o medo crónico pode causar. Foi demonstrado que a solidão e a falta de contacto social aumentam a inflamação, a depressão e a demência. Segundo Lissa Rankin, M.D., a poluição do ar aumenta o risco de morrer em 6%, a obesidade em 23%, o abuso de álcool em 37% e a solidão em 45%.

Outro perigo que não está a ser considerado prende-se com a deterioração da imunidade causada por excesso de higiene e distanciamento. Não é apenas o contato social que é necessário para a saúde, mas também o contato com o mundo microbiano. De um modo geral, os micróbios não são nossos inimigos, são nossos aliados na saúde. Um bioma intestinal diverso, compreendendo bactérias, vírus, leveduras e outros organismos, é essencial para um sistema imunológico que funcione bem, e a sua diversidade é mantida através do contato com outras pessoas e com o mundo da vida. Lavagem excessiva das mãos, uso excessivo de antibióticos, limpeza asséptica e falta de contacto humano podem fazer mais mal do que bem. Os distúrbios na imunidade e alergias  daí resultantes podem ser piores que as doenças infecciosas que eles substituem. Social e biologicamente, a saúde vem da comunidade. A vida não prospera em isolamento.

Ver o mundo em termos de “nós versus eles” cega-nos para a realidade de que vida e saúde acontecem em comunidade. Tomando o exemplo de doenças infecciosas, não conseguimos olhar para além do patógeno maligno e perguntar: Qual é o papel dos vírus no microbioma? (Veja também aqui) Quais são as condições do corpo sob as quais os vírus nocivos proliferam? Por que algumas pessoas têm sintomas leves e outras graves (além da não-explicação genérica sobre a “baixa resistência”)? Que papel positivo podem ter gripes, constipações e outras doenças não letais na manutenção da saúde?

O pensamento de Guerra aos Germes traz resultados semelhantes aos da Guerra ao Terror, Guerra ao Crime, Guerra às Ervas Daninhas e às intermináveis guerras que travamos, política e interpessoalmente. Primeiro, gera mais guerra sem fim; segundo, desvia a atenção das condições do terreno que geram doenças, terrorismo, crimes, ervas daninhas e todo o resto.

Apesar da eterna alegação dos políticos de que eles alimentam a guerra pelo bem da paz, a guerra inevitavelmente gera mais guerra. Bombardear países para matar terroristas não apenas ignora as condições básicas do terrorismo, como também agrava essas condições. Prender criminosos não apenas ignora as condições que geram o crime, como também cria essas condições quando rompe famílias e comunidades e acultura os encarcerados na criminalidade. O uso de antibióticos, vacinas, antivirais e outros medicamentos causa estragos na ecologia do corpo, que é o fundamento de uma forte imunidade. Fora do corpo, as campanhas massivas de pulverização provocadas pelo Zika, dengue e agora Covid-19 vão causar danos incalculáveis à ecologia da natureza. Alguém já pensou sobre quais serão os efeitos no ecossistema quando as aplicarmos com compostos antivirais? Essa política (que foi implementada em vários locais da China e da Índia) só pode ser pensada a partir da mentalidade da separação, que não entende que os vírus são parte integrante da rede da vida.

Para entender a questão sobre as condições do terreno, considere-se algumas estatísticas de mortalidade em Itália (tendo como fonte o seu Instituto Nacional de Saúde), com base na análise de centenas de fatalidades da Covid-19. Dos analisados, menos de 1% estava livre de graves condições crónicas de saúde. Cerca de 75% sofriam de hipertensão, 35% de diabetes, 33% de isquemia cardíaca, 24% de fibrilação atrial, 18% de baixa função renal, além de outras condições que eu não consegui decifrar no relatório italiano. Quase metade dos mortos tinha três ou mais dessas patologias graves. Os americanos, afectados por obesidade, diabetes e outras doenças crónicas, são pelo menos tão vulneráveis quanto os italianos. Deveríamos culpar o vírus então (que matou poucas pessoas saudáveis) ou devemos culpar a saúde precária subjacente? Aqui, novamente, a analogia da corda esticada é aplicada. Milhões de pessoas no mundo moderno apresentam um estado precário de saúde, apenas esperando por que algo que normalmente seria trivial as faça chegar ao seu limite. É claro que, a curto prazo, queremos salvar as suas vidas; o perigo é que nos percamos em uma sucessão interminável de curtos prazos, combatendo uma doença infecciosa após a outra e nunca enfrentando as condições básicas que tornam as pessoas tão vulneráveis. Este é um problema muito mais penoso, porque essas condições do terreno não mudam via combate. Não há patogénico que cause diabetes ou obesidade, vícios, depressão ou stress pós-traumático. As suas causas não são algum Outro, nenhum vírus separado de nós mesmos do qual sejamos vítimas.

Mesmo no caso de doenças como a Covid-19, para as quais podemos nomear um vírus patogénico, as coisas não são tão simples quanto uma guerra entre vírus e vítima. Existe uma alternativa para a teoria da doença gerada por germes que vê os microrganismos como parte de um processo maior. Quando as condições são adequadas, eles multiplicam-se no corpo, às vezes matando o hospedeiro, mas também, potencialmente, melhorando as condições onde eram hospedados, como, por exemplo, limpando detritos tóxicos acumulados por meio da secreção de muco ou (metaforicamente falando) queimando-os com febre. A “teoria do terreno”, como é às vezes intitulada, diz que os germes são mais sintoma do que causa de doença. Como um meme explica: “O seu peixe está doente. Teoria dos germes: isole os peixes. Teoria do terreno: limpe o tanque.”

Uma certa esquizofrenia aflige a cultura moderna da saúde. Por um lado, há um crescente movimento de bem-estar que abrange a medicina alternativa e holística. Defende ervas, meditação e yoga para aumentar a imunidade. Valida as dimensões emocionais e espirituais da saúde, como o poder das atitudes e das crenças de adoecer ou curar. Tudo isso parece ter desaparecido sob o tsunami da Covid, no decorrer do qual a sociedade passou a adoptar a antiga ortodoxia.

Vejamos este caso: os acupunturistas da Califórnia foram forçados a encerrar as suas atividades por serem considerados “não essenciais”. Esta medida é perfeitamente compreensível sob a perspetiva da virologia convencional. Mas, como observou um acupunturista no Facebook: “E o meu paciente com quem estou a trabalhar para largar os opióides devido à dor nas costas? Ele terá que começar a usá-los novamente.” Na óptica da autoridade médica, as modalidades alternativas, interação social, aulas de yoga, suplementos, etc. são frivolidades quando se trata de doenças reais causadas por vírus reais. São relegadas a um reino etérico de “bem-estar” diante de uma crise. O ressurgimento da ortodoxia sob a Covid-19 é tão intenso que qualquer coisa remotamente não convencional, como a vitamina C intravenosa, foi completamente descartado nos Estados Unidos até há dois dias (ainda existem muitos artigos que desmascaram o “mito” de que a vitamina C possa ajudar a combater a Covid-19). Também ainda não ouvi o CDC evangelizar sobre os benefícios de extrato de sabugueiro, cogumelos medicinais, redução da ingestão de açúcar, NAC (N-acetil L-cisteína), astrágalo ou vitamina D. Essas não são apenas especulações sentimentais sobre “bem-estar”; são alternativas apoiadas por extensa pesquisa e explicações fisiológicas. Por exemplo, demonstrou-se que o NAC (informações gerais, estudo duplo-cego controlado com placebo) reduz radicalmente a incidência e a gravidade dos sintomas em doenças semelhantes à gripe.

Como indicam as estatísticas que apresentei anteriormente sobre autoimunidade, obesidade etc., os Estados Unidos e o mundo moderno em geral enfrentam uma crise de saúde. Será que a solução é manter o que já estávamos a fazer, apenas mais meticulosamente? A resposta até agora à Covid tem sido dobrar a ortodoxia e varrer práticas não convencionais e deixar de lado pontos de vista divergentes. Outra resposta poderia ser ampliar as nossas lentes e examinar todo o sistema, incluindo quem paga por ele, como o acesso é concedido e como a pesquisa é financiada, mas também expandir para incluir campos marginais como fitoterapia, medicina funcional e medicina energética. Talvez possamos aproveitar esta oportunidade para reavaliar as teorias predominantes de doenças, saúde e corpo. Sim, vamos proteger o peixe doente da melhor forma possível no momento, mas talvez, na próxima vez, não seja preciso isolar e drogar tantos peixes, se pudermos limpar o tanque.

Não estou a defender que deva sair agora e comprar NAC [N.T. N-Acetil-Cisteína] ou qualquer outro suplemento, nem que, como sociedade, devemos mudar abruptamente a nossa resposta, interromper imediatamente o distanciamento social e começar a tomar suplementos. Mas podemos usar a quebra do normal, essa pausa numa encruzilhada, para escolher conscientemente que caminho seguiremos, que tipo de sistema e paradigmas de saúde, e que tipo de sociedade queremos. Essa reavaliação já ocorre, à medida que ideias como assistência médica gratuita universal nos EUA ganham novo impulso. E esse caminho também leva a uma bifurcação. Que tipo de assistência médica será universalizado? Estará apenas disponível para todos ou será obrigatório para todos? Cada cidadão um paciente, talvez com uma tatuagem invisível em código de barras, certificando que ele está com todas as vacinas em dia e passou pelos check-ups obrigatórios. Só assim pode ir para a escola, embarcar num avião ou entrar num restaurante. Este é um caminho de futuro que está aberto para nós.

Outra opção também está agora disponível. Em vez de redobrar o controlo, poderíamos finalmente abraçar as práticas e paradigmas holísticos que estão a aguardar à margem, esperando que o coração do sistema se dissolva para que, num estado de humildade, possamos trazê-los para o centro e construir um novo sistema ao redor deles.

A coroação

Há uma alternativa ao paraíso do controlo perfeito que a nossa civilização tenta alcançar há já tanto tempo. Ela retrocede tão rápido quanto progride, como uma miragem no horizonte. Sim, podemos prosseguir como até aqui no caminho em direção a mais isolamento, dominação e separação. Podemos normalizar altos níveis de separação e controlo, acreditar que são necessários para nos manter seguros e aceitar um mundo em que temos medo de estar próximos um do outro. Ou podemos tirar proveito desta pausa, desta quebra no normal, para entrar no caminho do encontro, do holismo, do restabelecimento das conexões perdidas, da reparação da comunidade e do retorno à rede da vida.

Devemos dobrar a proteção do eu separado ou aceitamos o convite para um mundo em que todos nós nos sintamos parte de um mesmo todo? Não é apenas na medicina que encontramos esta pergunta: ela visita-nos política e economicamente, e também nas nossas vidas pessoais. Tomemos, por exemplo, a questão da acumulação, que incorpora a ideia: “Não haverá o suficiente para todos, por isso vou garantir que haja o suficiente para mim”. Uma resposta alternativa a esse dilema pode ser: “Alguns não têm o suficiente, então vou compartilhar o que tenho com eles”. Estamos aqui para assumir o papel de sobreviventes ou de ajudantes? Para que serve a vida?

Numa escala maior, as pessoas estão a fazer perguntas que até agora estavam escondidas nas margens do ativismo. O que devemos fazer com os sem-abrigo? O que devemos fazer com as pessoas nas prisões? Nas favelas do Terceiro Mundo? O que devemos fazer com os desempregados? E todas as empregadas de hotel, os motoristas de Uber, os canalizadores e porteiros e motoristas de transportes públicos e caixas que não podem trabalhar a partir de casa? Agora, finalmente, florescem ideias como o perdão da dívida estudantil e o rendimento básico incondicional. A reflexão “Como podemos proteger os susceptíveis à Covid?” convida-nos à seguinte: “Como podemos cuidar das pessoas vulneráveis em geral?”.

Este é o impulso que está a ser despertado em nós, independentemente da superficialidade das nossas opiniões sobre as gravidade e origem da Covid ou sobre a melhor política para lidar com ela. Esse impulso diz-nos: levemos a sério a ideia de cuidarmos uns dos outros. Lembremo-nos de como todos nós somos preciosos, de como a vida é preciosa. Façamos um inventário da nossa civilização, despindo-a até aos seus alicerces, e vejamos se podemos construir uma mais bonita.

À medida que a Covid desperta a nossa compaixão, cada vez mais pessoas percebem que não querem voltar a um normal onde ela dolorosamente não exista. Agora temos a oportunidade de criar um novo normal, mais solidário.

Abundam os sinais encorajadores de que isso está a acontecer. O governo dos Estados Unidos, que há muito tempo parece cativo de interesses corporativos cruéis, catalisou centenas de bilhões de dólares para pagamentos diretos às famílias. Donald Trump, não propriamente tido como um exemplo de compaixão, estabeleceu uma moratória para execuções hipotecárias e despejos. Certamente poder-se-á olhar para estas medidas com cinismo; no entanto, elas encarnam o princípio do cuidado dos vulneráveis.

Um pouco por todo o mundo, ouvimos histórias de solidariedade e cura. Um amigo contou que enviou US$ 100 por pessoa a dez pessoas desconhecidas que se encontravam em extrema necessidade. O meu filho, que até há alguns dias trabalhava na Dunkin’ Donuts, relata que as pessoas estavam a dar gorjetas cinco vezes mais altas do que o normal – e são pessoas da classe trabalhadora, muitos deles camionistas hispânicos, eles próprios sem segurança económica. Médicos, enfermeiros e “trabalhadores essenciais” de outras profissões estão a arriscar as suas vidas para servir o público. E aqui estão mais alguns exemplos da erupção generalizada de amor e bondade, cortesia do ServiceSpace:

Talvez já estejamos a viver no meio dessa nova história. Imagine a força aérea italiana a passar Pavarotti, militares espanhóis a prestar serviços à comunidade, e polícias de rua a tocar guitarra – para *inspirar* as pessoas. Empresas a conceder aumentos salariais inesperados. Canadianos a  inicia r campanhas de “distribuição de gentileza”. O gesto adorável de uma criança de seis anos na Austrália que doa o dinheiro que ganhou da fada dos dentes, uma estudante do 8º ano no Japão que fabrica 612 máscaras, e universitários por toda a parte que compram mantimentos para idosos. Cuba a enviar um exército de “vestes brancas“ (médicos) para ajudar Itália. Um proprietário que permite que os inquilinos fiquem sem pagar renda, o poema de um padre irlandês que se torna viral, ativistas deficientes que produzem desinfectante para as mãos. Imagine. Às vezes, uma crise espelha o nosso impulso mais profundo – podemos sempre responder com compaixão.

Como Rebecca Solnit descreve no seu maravilhoso livro, A Paradise Built in Hell, o desastre geralmente liberta a solidariedade. Um mundo mais bonito cintila logo abaixo da superfície, emergindo sempre que os sistemas que o mantêm debaixo de água afrouxam as suas amarras.

Durante muito tempo, nós, como coletivo, ficámos impotentes perante uma sociedade cada vez mais doentia. Seja a saúde ou a infraestrutura em declínio, a depressão, o suicídio, os vícios, a degradação ecológica ou a concentração de riqueza, é fácil perceber os sintomas de mal-estar civilizacional no mundo desenvolvido, mas nós permanecemos presos aos sistemas e padrões que os criam. Hoje, a Covid presenteia-nos com a possibilidade de um reset.

Um milhão de caminhos bifurcados está diante de nós. O rendimento básico incondicional poderia significar o fim da insegurança económica e o florescimento da criatividade, à medida que milhões são libertados do trabalho que a Covid nos mostrou ser menos necessário do que pensávamos. Ou também poderia significar, com a dizimação de pequenas empresas, a dependência face ao Estado a troco de uma bolsa que vem com condições rigorosas. A crise poderia conduzir ao totalitarismo ou à solidariedade; à lei marcial médica ou ao renascimento holístico; a maior medo do mundo microbiano ou a uma maior resiliência na participação nele; a normas permanentes de distanciamento social ou a um desejo renovado de se unir.

O que pode guiar-nos, como indivíduos e como sociedade, enquanto caminhamos no jardim dos caminhos bifurcados? Em cada entroncamento, podemos estar cientes do que seguimos: medo ou amor, autopreservação ou generosidade. Devemos viver com medo e construir uma sociedade baseada nele? Devemos viver para preservar os nossos seres separados? Devemos usar a crise como uma arma contra os nossos inimigos políticos? Estas não são perguntas do tipo tudo ou nada, medo ou amor. Elas têm a ver, sim, com uma próxima etapa em direção ao amor que está diante de nós. Parece ousado, mas não imprudente. Trata-se de um movimento que valoriza a vida, enquanto aceita a morte. E confia que, a cada passo, o seguinte se tornará visível.

Por favor, não pense que a escolha do amor sobre o medo pode ser realizada apenas através de um ato de vontade, e que esse medo também pode ser vencido como um vírus. O vírus que enfrentamos aqui é o medo, seja o medo da Covid-19 ou o medo da resposta totalitária, e esse vírus também tem o seu terreno. O medo, juntamente com o vício, a depressão e uma série de males físicos, frutifica num terreno de separação e trauma: trauma herdado, trauma de infância, violência, guerra, abuso, negligência, vergonha, punição, pobreza e também o trauma normalizado e silencioso que afeta quase todos os que vivem numa economia monetizada, que passam por uma educação moderna ou que vivem sem comunidade ou conexão com o local. Esse terreno pode ser alterado pela cura do trauma ao nível pessoal, pela mudança sistémica em direção a uma sociedade mais solidária e pela transformação da narrativa básica da separação: o eu separado num mundo de Outro, eu separado de ti, a humanidade separada da natureza. Estar sozinho é um medo primordial, e a sociedade moderna foi-nos deixando mais e mais sozinhos. Mas a hora do Encontro chegou. Cada ato de compaixão, bondade, coragem ou generosidade cura-nos da história da separação, porque garante ao ator e à testemunha que todos estão juntos.

Concluirei invocando mais uma dimensão da relação entre humanos e vírus. Os vírus são parte integrante da evolução, não apenas dos humanos, mas de todos os seres vivos eucariotas. Os vírus podem transferir DNA de organismo para organismo, por vezes inserindo-o na linha germinal (onde se torna herança genética). Conhecido como transferência horizontal de genes, este é um mecanismo primário de evolução, permitindo que a vida evolua dessa união muito mais rapidamente do que seria possível através de mutações aleatórias. Como Lynn Margulis referiu, nós somos os nossos vírus.

E com isto gostaria de me aventurar em território especulativo. Talvez as grandes doenças da civilização tenham acelerado a nossa evolução biológica e cultural, fornecendo informações genéticas importantes e oferecendo iniciação individual e coletiva. Será que a pandemia atual não poderia ser exatamente isso? Novos códigos de RNA estão a espalhar-se de humano para humano, imbuindo-nos com novas informações genéticas; ao mesmo tempo, estamos a receber outros “códigos” esotéricos que se escondem por trás dos biológicos, perturbando os nossos sistemas e narrativas da mesma maneira que uma doença perturba a fisiologia corporal. O fenómeno segue o modelo da iniciação: separação da normalidade, seguido por um dilema, colapso ou prova, seguido (se for para ser completo) por reintegração e celebração.

Mas aqui surge a pergunta: iniciação em quê? Quais são a natureza e os objetivos específicos dessa iniciação? O nome popular da pandemia oferece uma pista: coronavírus. Corona significa coroa. “Nova pandemia de coronavírus” significa “uma nova coroação para todos”.

Podemos já sentir o poder daqueles em que nos podemos tornar. Um verdadeiro soberano não teme nem vida nem morte. Um verdadeiro soberano não domina ou conquista (o que é próprio de um arquétipo das sombras, o Tirano). O verdadeiro soberano serve as pessoas, serve a vida e respeita a soberania de todos os povos. A coroação marca a emersão do inconsciente na consciência, a cristalização do caos na ordem, a transcendência da compulsão para a escolha. Tornamo-nos os governantes daquilo que nos havia governado. A Nova Ordem Mundial que os teóricos da conspiração temem é apensa uma sombra da possibilidade gloriosa disponível para seres soberanos. Deixando de ser vassalos do medo, podemos trazer ordem ao reino e construir uma sociedade intencional com base no amor que brilha já através das fissuras do mundo da separação.



Previous: Taç Giyme Töreni
Next: Karūnavimas

Filed Under: Portuguese, Translations Tagged With: Essay

Reader Interactions

Comments

  1. Rigoberto Gurnsey says

    December 19, 2020 at 5:37 pm

    What’s Happening i’m new to this, I stumbled upon this I’ve discovered It positively helpful and it has helped me out loads. I’m hoping to give a contribution & help different customers like its helped me. Great job.

    http://google.co.in/url?q=https://youtu.be/DYISRjtfuRU

Primary Sidebar

Audio Essays

All Essays

Monarchs and Lightning Bugs

Pandemania, Part 4

Political Hope

Pandemania, Part 3

Pandemania, Part 2

Pandemania, Part 1

The Heart of the Fawn

Transhumanism and the Metaverse

Why I Won’t Write on You-Know-What

Compartmentalization: UFOs and Social Paralysis

The Good World

Central Bank Digital Currencies

The Economy Series

Reinventing Progress

Parallel Timelines

The Field of Peace

Love-gift to the Future

The Paradox of Busy

On the Great Green Wall, And Being Useful

Reunion

Division, Reunion, and some other stuff

Volatility

Into the Space Between

Wanna Join Me in a News Fast?

And the Music Played the Band

Comet of Deliverance

Divide, Conquer; Unite, Heal

A Path Will Rise to Meet Us

A Gathering of the Tribe

The True Story of the Sith

The Human Family

Elements of Refusal

The America that Almost Was and Yet May Be

Sanity

Time to Push

Some Stuff I’m Reading

The Rehearsal is Over

Beyond Industrial Medicine

A Temple of this Earth

The Sacrificial King

How It Is Going to Be

Charles Eisenstein, Antisemite

Mob Morality and the Unvaxxed

Fascism and the Antifestival

The Death of the Festival

Source Temple and the Great Reset

To Reason with a Madman

From QAnon’s Dark Mirror, Hope

World on Fire

We Can Do Better Than This

The Banquet of Whiteness

The Cure of the Earth

Numb

The Conspiracy Myth

The Coronation

Extinction and the Revolution of Love

The Amazon: How do we heal a burning heart?

Building a Peace Narrative

Xylella: Supervillain or Symptom

Making the Universe Great Again

Every Act a Ceremony

The Polarization Trap

I, Orc

Living in the Gift

A Little Heartbreak

Initiation into a Living Planet

Why I am Afraid of Global Cooling

Olive Trees and the Cry of the Land

Our New, Happy Life? The Ideology of Development

Opposition to GMOs is Neither Unscientific nor Immoral

The Age of We Need Each Other

Institutes for Technologies of Reunion

Brushes with the Mainstream

Standing Rock: A Change of Heart

Transcription: Fertile Ground of Bewilderment Podcast

The Election: Of Hate, Grief, and a New Story

This Is How War Begins

The Lid is Off

Of Horseshoe Crabs and Empathy

Scaling Down

The Fertile Ground of Bewilderment

By Their Fruits Ye Shall Know Them

Psychedelics and Systems Change

Mutiny of the Soul Revisited

Why I Don’t Do Internet Marketing

Zika and the Mentality of Control

In a Rhino, Everything

Grief and Carbon Reductionism

The Revolution is Love

Kind is the New Cool

What We Do to Nature, We Do to Ourselves

From Nonviolence to Service

An Experiment in Gift Economics

Misogyny and the Healing of the Masculine

Sustainable Development: Something New or More of the Same?

The Need for Venture Science

The EcoSexual Awakening

“Don’t Owe. Won’t Pay.”

Harder to Hide

Reflections on Damanhur

On Immigration

The Humbler Realms, Part 2

The Humbler Realms

A Shift in Values Everywhere

Letter to my Younger Self

Aluna: A Message to Little Brother

Raising My Children in Trust

Qualitative Dimensions of Collective Intelligence: Subjectivity, Consciousness, and Soul

The Woman Who Chose to Plant Corn

The Oceans are Not Worth $24 trillion

The Baby in the Playpen

What Are We Greedy For?

We Need Regenerative Farming, Not Geoengineering

The Cynic and the Boatbuilder, Revisited

Activism in the New Story

What is Action?

Wasting Time

The Space Between Stories

Breakdown, Chaos, and Emergence

At This Moment, I Feel Held

A Roundabout Endorsement

Imagine a 3-D World

Presentation to Uplift Festival, 12.14.2014

Shadow, Ritual, and Relationship in the Gift

A Neat Inversion

The Waters of Heterodoxy

Employment in Gift Culture

Localization Beyond Economics

Discipline on the Bus

We Don’t Know: Reflections on the New Story Summit

A Miracle in Scientific American

More Talk?

Why Another Conference?

A Truncated Interview on Racism

A Beautiful World of Abundance

How to Bore the Children

Post-Capitalism

The Malware

The End of War

The Birds are Sad

A Slice of Humble Pie

Bending Reality: But who is the Bender?

The Mysterious Paths by Which Intentions Bear Fruit

The Little Things that Get Under My Skin

A Restorative Response to MH17

Climate Change: The Bigger Picture

Development in the Ecological Age

The campaign against Drax aims to reveal the perverse effects of biofuels

Gateway drug, to what?

Concern about Overpopulation is a Red Herring; Consumption’s the Problem

Imperialism and Ceremony in Bali

Let’s be Honest: Real Sustainability may not make Business Sense

Vivienne Westwood is Right: We Need a Law against Ecocide

2013: Hope or Despair?

2013: A Year that Pierced Me

Synchronicity, Myth, and the New World Order

Fear of a Living Planet

Pyramid Schemes and the Monetization of Everything

The Next Step for Digital Currency

The Cycle of Terror

TED: A Choice Point

The Cynic and the Boatbuilder

Latent Healing

2013: The Space between Stories

We Are Unlimited Potential: A Talk with Joseph Chilton Pearce

Why Occupy’s plan to cancel consumer debts is money well spent

Genetically Modifying and Patenting Seeds isn’t the Answer

The Lovely Lady from Nestle

An Alien at the Tech Conference

We Can’t Grow Ourselves out of Debt

Money and the Divine Masculine

Naivete, and the Light in their Eyes

The Healing of Congo

Why Rio +20 Failed

Permaculture and the Myth of Scarcity

For Facebook, A Modest Proposal

A Coal Pile in the Ballroom

A Review of Graeber’s Debt: The First 5000 Years

Gift Economics Resurgent

The Way up is Down

Sacred Economics: Money, the Gift, and Society in the Age of Transition

Design and Strategy Principles for Local Currency

The Lost Marble

To Bear Witness and to Speak the Truth

Thrive: The Story is Wrong but the Spirit is Right

Occupy Wall Street: No Demand is Big Enough

Elephants: Please Don’t Go

Why the Age of the Guru is Over

Gift Economics and Reunion in the Digital Age

A Circle of Gifts

The Three Seeds

Truth and Magic in the Third Dimension

Rituals for Lover Earth

Money and the Turning of the Age

A Gathering of the Tribe

The Sojourn of Science

Wood, Metal, and the Story of the World

A World-Creating Matrix of Truth

Waiting on the Big One

In the Miracle

Money and the Crisis of Civilization

Reuniting the Self: Autoimmunity, Obesity, and the Ecology of Health

Invisible Paths

Reuniting the Self: Autoimmunity, Obesity, and the Ecology of Health (Part 2)

Mutiny of the Soul

The Age of Water

Money: A New Beginning (Part 2)

Money: A New Beginning (Part 1)

The Original Religion

Pain: A Call for Attention

The Miracle of Self-Creation, Part 2

The Miracle of Self-Creation

The Deschooling Convivium

The Testicular Age

Who Will Collect the Garbage?

The Ubiquitous Matrix of Lies

You’re Bad!

A 28-year Lie: The Wrong Lesson

The Ascent of Humanity

The Stars are Shining for Her

All Hallows’ Eve

Confessions of a Hypocrite

The New Epidemics

From Opinion to Belief to Knowing

Soul Families

For Whom was that Bird Singing?

The Multicellular Metahuman

Grades: A Gun to Your Head

Human Nature Denied

The Great Robbery

Humanity Grows Up

Don’t Should on US

A State of Belief is a State of Being

Ascension

Security and Fate

Old-Fashioned, Healthy, Lacto-Fermented Soft Drinks: The Real “Real Thing”

The Ethics of Eating Meat

Privacy Policy | Contact | Update Subscription

Charles Eisenstein

All content on this website is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License. Feel free to copy and share.

The Coronation

For years, normality has been stretched nearly to its breaking point, a rope pulled tighter and tighter, waiting for a nip of the black swan’s beak to snap it in two. Now that the rope has snapped, do we tie its ends back together, or shall we undo its dangling braids still further, to see what we might weave from them?

Covid-19 is showing us that when humanity is united in common cause, phenomenally rapid change is possible. None of the world’s problems are technically difficult to solve; they originate in human disagreement. In coherency, humanity’s creative powers are boundless. A few months ago, a proposal to halt commercial air travel would have seemed preposterous. Likewise for the radical changes we are making in our social behavior, economy, and the role of government in our lives. Covid demonstrates the power of our collective will when we agree on what is important. What else might we achieve, in coherency? What do we want to achieve, and what world shall we create? That is always the next question when anyone awakens to their power.

Covid-19 is like a rehab intervention that breaks the addictive hold of normality. To interrupt a habit is to make it visible; it is to turn it from a compulsion to a choice. When the crisis subsides, we might have occasion to ask whether we want to return to normal, or whether there might be something we’ve seen during this break in the routines that we want to bring into the future. We might ask, after so many have lost their jobs, whether all of them are the jobs the world most needs, and whether our labor and creativity would be better applied elsewhere. We might ask, having done without it for a while, whether we really need so much air travel, Disneyworld vacations, or trade shows. What parts of the economy will we want to restore, and what parts might we choose to let go of? And on a darker note, what among the things that are being taken away right now – civil liberties, freedom of assembly, sovereignty over our bodies, in-person gatherings, hugs, handshakes, and public life – might we need to exert intentional political and personal will to restore?

For most of my life, I have had the feeling that humanity was nearing a crossroads. Always, the crisis, the collapse, the break was imminent, just around the bend, but it didn’t come and it didn’t come. Imagine walking a road, and up ahead you see it, you see the crossroads. It’s just over the hill, around the bend, past the woods. Cresting the hill, you see you were mistaken, it was a mirage, it was farther away than you thought. You keep walking. Sometimes it comes into view, sometimes it disappears from sight and it seems like this road goes on forever. Maybe there isn’t a crossroads. No, there it is again! Always it is almost here. Never is it here.

Now, all of a sudden, we go around a bend and here it is. We stop, hardly able to believe that now it is happening, hardly able to believe, after years of confinement to the road of our predecessors, that now we finally have a choice. We are right to stop, stunned at the newness of our situation. Because of the hundred paths that radiate out in front of us, some lead in the same direction we’ve already been headed. Some lead to hell on earth. And some lead to a world more healed and more beautiful than we ever dared believe to be possible.

I write these words with the aim of standing here with you – bewildered, scared maybe, yet also with a sense of new possibility – at this point of diverging paths. Let us gaze down some of them and see where they lead.

* * *

I heard this story last week from a friend. She was in a grocery store and saw a woman sobbing in the aisle. Flouting social distancing rules, she went to the woman and gave her a hug. “Thank you,” the woman said, “that is the first time anyone has hugged me for ten days.”

Going without hugs for a few weeks seems a small price to pay if it will stem an epidemic that could take millions of lives. There is a strong argument for social distancing in the near term: to prevent a sudden surge of Covid cases from overwhelming the medical system. I would like to put that argument in a larger context, especially as we look to the long term. Lest we institutionalize distancing and reengineer society around it, let us be aware of what choice we are making and why.

The same goes for the other changes happening around the coronavirus epidemic. Some commentators have observed how it plays neatly into an agenda of totalitarian control. A frightened public accepts abridgments of civil liberties that are otherwise hard to justify, such as the tracking of everyone’s movements at all times, forcible medical treatment, involuntary quarantine, restrictions on travel and the freedom of assembly, censorship of what the authorities deem to be disinformation, suspension of habeas corpus, and military policing of civilians. Many of these were underway before Covid-19; since its advent, they have been irresistible. The same goes for the automation of commerce; the transition from participation in sports and entertainment to remote viewing; the migration of life from public to private spaces; the transition away from place-based schools toward online education, the decline of brick-and-mortar stores, and the movement of human work and leisure onto screens. Covid-19 is accelerating preexisting trends, political, economic, and social.

While all the above are, in the short term, justified on the grounds of flattening the curve (the epidemiological growth curve), we are also hearing a lot about a “new normal”; that is to say, the changes may not be temporary at all. Since the threat of infectious disease, like the threat of terrorism, never goes away, control measures can easily become permanent. If we were going in this direction anyway, the current justification must be part of a deeper impulse. I will analyze this impulse in two parts: the reflex of control, and the war on death. Thus understood, an initiatory opportunity emerges, one that we are seeing already in the form of the solidarity, compassion, and care that Covid-19 has inspired.

The Reflex of Control

At the current writing, official statistics say that about 25,000 people have died from Covid-19. By the time it runs its course, the death toll could be ten times or a hundred times bigger, or even, if the most alarming guesses are right, a thousand times bigger. Each one of these people has loved ones, family and friends. Compassion and conscience call us to do what we can to avert unnecessary tragedy. This is personal for me: my own infinitely dear but frail mother is among the most vulnerable to a disease that kills mostly the aged and the infirm.

What will the final numbers be? That question is impossible to answer at the time of this writing. Early reports were alarming; for weeks the official number from Wuhan, circulated endlessly in the media, was a shocking 3.4%. That, coupled with its highly contagious nature, pointed to tens of millions of deaths worldwide, or even as many as 100 million. More recently, estimates have plunged as it has become apparent that most cases are mild or asymptomatic. Since testing has been skewed towards the seriously ill, the death rate has looked artificially high. In South Korea, where hundreds of thousands of people with mild symptoms have been tested, the reported case fatality rate is around 1%. In Germany, whose testing also extends to many with mild symptoms, the fatality rate is 0.4%. A recent paper in the journal Science argues that 86% of infections have been undocumented, which points to a much lower mortality rate than the current case fatality rate would indicate.

The story of the Diamond Princess cruise ship bolsters this view. Of the 3,711 people on board, about 20% have tested positive for the virus; less than half of those had symptoms, and eight have died. A cruise ship is a perfect setting for contagion, and there was plenty of time for the virus to spread on board before anyone did anything about it, yet only a fifth were infected. Furthermore, the cruise ship’s population was heavily skewed (as are most cruise ships) toward the elderly: nearly a third of the passengers were over age 70, and more than half were over age 60. A research team concluded from the large number of asymptomatic cases that the true fatality rate in China is around 0.5%. That is still five times higher than flu. Based on the above (and adjusting for much younger demographics in Africa and South and Southeast Asia) my guess is about 200,000-300,000 deaths in the US – more if the medical system is overwhelmed, less if infections are spread out over time – and 3 million globally. Those are serious numbers. Not since the Hong Kong Flu pandemic of 1968/9 has the world experienced anything like it.

My guesses could easily be off by an order of magnitude. Every day the media reports the total number of Covid-19 cases, but no one has any idea what the true number is, because only a tiny proportion of the population has been tested. If tens of millions have the virus, asymptomatically, we would not know it. Further complicating the matter is the high rate of false positives for existing testing, possibly as high as 80%. (And see here for even more alarming uncertainties about test accuracy.) Let me repeat: no one knows what is really happening, including me. Let us be aware of two contradictory tendencies in human affairs. The first is the tendency for hysteria to feed on itself, to exclude data points that don’t play into the fear, and to create the world in its image. The second is denial, the irrational rejection of information that might disrupt normalcy and comfort. As Daniel Schmactenberger asks, How do you know what you believe is true?

In the face of the uncertainty, I’d like to make a prediction: The crisis will play out so that we never will know. If the final death tally, which will itself be the subject of dispute, is lower than feared, some will say that is because the controls worked. Others will say it is because the disease wasn’t as dangerous as we were told.

To me, the most baffling puzzle is why at the present writing there seem to be no new cases in China. The government didn’t initiate its lockdown until well after the virus was established. It should have spread widely during Chinese New Year, when every plane, train, and bus is packed with people traveling all over the country. What is going on here? Again, I don’t know, and neither do you.

Whether the final global death toll is 50,000 or 500,000 or 5 million, let’s look at some other numbers to get some perspective. My point is NOT that Covid isn’t so bad and we shouldn’t do anything. Bear with me. Last year, according to the FAO, five million children worldwide died of hunger (among 162 million who are stunted and 51 million who are wasted). That is 200 times more people than have died so far from Covid-19, yet no government has declared a state of emergency or asked that we radically alter our way of life to save them. Nor do we see a comparable level of alarm and action around suicide – the mere tip of an iceberg of despair and depression – which kills over a million people a year globally and 50,000 in the USA. Or drug overdoses, which kill 70,000 in the USA, the autoimmunity epidemic, which affects 23.5 million (NIH figure) to 50 million (AARDA), or obesity, which afflicts well over 100 million. Why, for that matter, are we not in a frenzy about averting nuclear armageddon or ecological collapse, but, to the contrary, pursue choices that magnify those very dangers?

Please, the point here is not that we haven’t changed our ways to stop children from starving, so we shouldn’t change them for Covid either. It is the contrary: If we can change so radically for Covid-19, we can do it for these other conditions too. Let us ask why are we able to unify our collective will to stem this virus, but not to address other grave threats to humanity. Why, until now, has society been so frozen in its existing trajectory?

The answer is revealing. Simply, in the face of world hunger, addiction, autoimmunity, suicide, or ecological collapse, we as a society do not know what to do. Our go-to crisis responses, all of which are some version of control, aren’t very effective in addressing these conditions. Now along comes a contagious epidemic, and finally we can spring into action. It is a crisis for which control works: quarantines, lockdowns, isolation, hand-washing; control of movement, control of information, control of our bodies. That makes Covid a convenient receptacle for our inchoate fears, a place to channel our growing sense of helplessness in the face of the changes overtaking the world. Covid-19 is a threat that we know how to meet. Unlike so many of our other fears, Covid-19 offers a plan.

Our civilization’s established institutions are increasingly helpless to meet the challenges of our time. How they welcome a challenge that they finally can meet. How eager they are to embrace it as a paramount crisis. How naturally their systems of information management select for the most alarming portrayals of it. How easily the public joins the panic, embracing a threat that the authorities can handle as a proxy for the various unspeakable threats that they cannot.

Today, most of our challenges no longer succumb to force. Our antibiotics and surgery fail to meet the surging health crises of autoimmunity, addiction, and obesity. Our guns and bombs, built to conquer armies, are useless to erase hatred abroad or keep domestic violence out of our homes. Our police and prisons cannot heal the breeding conditions of crime. Our pesticides cannot restore ruined soil. Covid-19 recalls the good old days when the challenges of infectious diseases succumbed to modern medicine and hygiene, at the same time as the Nazis succumbed to the war machine, and nature itself succumbed, or so it seemed, to technological conquest and improvement. It recalls the days when our weapons worked and the world seemed indeed to be improving with each technology of control.

What kind of problem succumbs to domination and control? The kind caused by something from the outside, something Other. When the cause of the problem is something intimate to ourselves, like homelessness or inequality, addiction or obesity, there is nothing to war against. We may try to install an enemy, blaming, for example, the billionaires, Vladimir Putin, or the Devil, but then we miss key information, such as the ground conditions that allow billionaires (or viruses) to replicate in the first place.

If there is one thing our civilization is good at, it is fighting an enemy. We welcome opportunities to do what we are good at, which prove the validity of our technologies, systems, and worldview. And so, we manufacture enemies, cast problems like crime, terrorism, and disease into us-versus-them terms, and mobilize our collective energies toward those endeavors that can be seen that way. Thus, we single out Covid-19 as a call to arms, reorganizing society as if for a war effort, while treating as normal the possibility of nuclear armageddon, ecological collapse, and five million children starving.

The Conspiracy Narrative

Because Covid-19 seems to justify so many items on the totalitarian wish list, there are those who believe it to be a deliberate power play. It is not my purpose to advance that theory nor to debunk it, although I will offer some meta-level comments. First a brief overview.

The theories (there are many variants) talk about Event 201 (sponsored by the Gates Foundation, CIA, etc. last September), and a 2010 Rockefeller Foundation white paper detailing a scenario called “Lockstep,” both of which lay out the authoritarian response to a hypothetical pandemic. They observe that the infrastructure, technology, and legislative framework for martial law has been in preparation for many years. All that was needed, they say, was a way to make the public embrace it, and now that has come. Whether or not current controls are permanent, a precedent is being set for:

  • • The tracking of people’s movements at all times (because coronavirus)
  • • The suspension of freedom of assembly (because coronavirus)
  • • The military policing of civilians (because coronavirus)
  • • Extrajudicial, indefinite detention (quarantine, because coronavirus)
  • • The banning of cash (because coronavirus)
  • • Censorship of the Internet (to combat disinformation, because coronavirus)
  • • Compulsory vaccination and other medical treatment, establishing the state’s sovereignty over our bodies (because coronavirus)
  • • The classification of all activities and destinations into the expressly permitted and the expressly forbidden (you can leave your house for this, but not that), eliminating the un-policed, non-juridical gray zone. That totality is the very essence of totalitarianism. Necessary now though, because, well, coronavirus.

This is juicy material for conspiracy theories. For all I know, one of those theories could be true; however, the same progression of events could unfold from an unconscious systemic tilt toward ever-increasing control. Where does this tilt come from? It is woven into civilization’s DNA. For millennia, civilization (as opposed to small-scale traditional cultures) has understood progress as a matter of extending control onto the world: domesticating the wild, conquering the barbarians, mastering the forces of nature, and ordering society according to law and reason. The ascent of control accelerated with the Scientific Revolution, which launched “progress” to new heights: the ordering of reality into objective categories and quantities, and the mastering of materiality with technology. Finally, the social sciences promised to use the same means and methods to fulfill the ambition (which goes back to Plato and Confucius) to engineer a perfect society.

Those who administer civilization will therefore welcome any opportunity to strengthen their control, for after all, it is in service to a grand vision of human destiny: the perfectly ordered world, in which disease, crime, poverty, and perhaps suffering itself can be engineered out of existence. No nefarious motives are necessary. Of course they would like to keep track of everyone – all the better to ensure the common good. For them, Covid-19 shows how necessary that is. “Can we afford democratic freedoms in light of the coronavirus?” they ask. “Must we now, out of necessity, sacrifice those for our own safety?” It is a familiar refrain, for it has accompanied other crises in the past, like 9/11.

To rework a common metaphor, imagine a man with a hammer, stalking around looking for a reason to use it. Suddenly he sees a nail sticking out. He’s been looking for a nail for a long time, pounding on screws and bolts and not accomplishing much. He inhabits a worldview in which hammers are the best tools, and the world can be made better by pounding in the nails. And here is a nail! We might suspect that in his eagerness he has placed the nail there himself, but it hardly matters. Maybe it isn’t even a nail that’s sticking out, but it resembles one enough to start pounding. When the tool is at the ready, an opportunity will arise to use it.

And I will add, for those inclined to doubt the authorities, maybe this time it really is a nail. In that case, the hammer is the right tool – and the principle of the hammer will emerge the stronger, ready for the screw, the button, the clip, and the tear.

Either way, the problem we deal with here is much deeper than that of overthrowing an evil coterie of Illuminati. Even if they do exist, given the tilt of civilization, the same trend would persist without them, or a new Illuminati would arise to assume the functions of the old.

True or false, the idea that the epidemic is some monstrous plot perpetrated by evildoers upon the public is not so far from the mindset of find-the-pathogen. It is a crusading mentality, a war mentality. It locates the source of a sociopolitical illness in a pathogen against which we may then fight, a victimizer separate from ourselves. It risks ignoring the conditions that make society fertile ground for the plot to take hold. Whether that ground was sown deliberately or by the wind is, for me, a secondary question.

What I will say next is relevant whether or not SARS-CoV2 is a genetically engineered bioweapon, is related to 5G rollout, is being used to prevent “disclosure,” is a Trojan horse for totalitarian world government, is more deadly than we’ve been told, is less deadly than we’ve been told, originated in a Wuhan biolab, originated at Fort Detrick, or is exactly as the CDC and WHO have been telling us. It applies even if everyone is totally wrong about the role of the SARS-CoV-2 virus in the current epidemic. I have my opinions, but if there is one thing I have learned through the course of this emergency is that I don’t really know what is happening. I don’t see how anyone can, amidst the seething farrago of news, fake news, rumors, suppressed information, conspiracy theories, propaganda, and politicized narratives that fill the Internet. I wish a lot more people would embrace not knowing. I say that both to those who embrace the dominant narrative, as well as to those who hew to dissenting ones. What information might we be blocking out, in order to maintain the integrity of our viewpoints? Let’s be humble in our beliefs: it is a matter of life and death.

The War on Death

My 7-year-old son hasn’t seen or played with another child for two weeks. Millions of others are in the same boat. Most would agree that a month without social interaction for all those children a reasonable sacrifice to save a million lives. But how about to save 100,000 lives? And what if the sacrifice is not for a month but for a year? Five years? Different people will have different opinions on that, according to their underlying values.

Let’s replace the foregoing questions with something more personal, that pierces the inhuman utilitarian thinking that turns people into statistics and sacrifices some of them for something else. The relevant question for me is, Would I ask all the nation’s children to forego play for a season, if it would reduce my mother’s risk of dying, or for that matter, my own risk? Or I might ask, Would I decree the end of human hugging and handshakes, if it would save my own life? This is not to devalue Mom’s life or my own, both of which are precious. I am grateful for every day she is still with us. But these questions bring up deep issues. What is the right way to live? What is the right way to die?

The answer to such questions, whether asked on behalf of oneself or on behalf of society at large, depends on how we hold death and how much we value play, touch, and togetherness, along with civil liberties and personal freedom. There is no easy formula to balance these values.

Over my lifetime I’ve seen society place more and more emphasis on safety, security, and risk reduction. It has especially impacted childhood: as a young boy it was normal for us to roam a mile from home unsupervised – behavior that would earn parents a visit from Child Protective Services today. It also manifests in the form of latex gloves for more and more professions; hand sanitizer everywhere; locked, guarded, and surveilled school buildings; intensified airport and border security; heightened awareness of legal liability and liability insurance; metal detectors and searches before entering many sports arenas and public buildings, and so on. Writ large, it takes the form of the security state.

The mantra “safety first” comes from a value system that makes survival top priority, and that depreciates other values like fun, adventure, play, and the challenging of limits. Other cultures had different priorities. For instance, many traditional and indigenous cultures are much less protective of children, as documented in Jean Liedloff’s classic, The Continuum Concept. They allow them risks and responsibilities that would seem insane to most modern people, believing that this is necessary for children to develop self-reliance and good judgement. I think most modern people, especially younger people, retain some of this inherent willingness to sacrifice safety in order to live life fully. The surrounding culture, however, lobbies us relentlessly to live in fear, and has constructed systems that embody fear. In them, staying safe is over-ridingly important. Thus we have a medical system in which most decisions are based on calculations of risk, and in which the worst possible outcome, marking the physician’s ultimate failure, is death. Yet all the while, we know that death awaits us regardless. A life saved actually means a death postponed.

The ultimate fulfillment of civilization’s program of control would be to triumph over death itself. Failing that, modern society settles for a facsimile of that triumph: denial rather than conquest. Ours is a society of death denial, from its hiding away of corpses, to its fetish for youthfulness, to its warehousing of old people in nursing homes. Even its obsession with money and property – extensions of the self, as the word “mine” indicates – expresses the delusion that the impermanent self can be made permanent through its attachments. All this is inevitable given the story-of-self that modernity offers: the separate individual in a world of Other. Surrounded by genetic, social, and economic competitors, that self must protect and dominate in order to thrive. It must do everything it can to forestall death, which (in the story of separation) is total annihilation. Biological science has even taught us that our very nature is to maximize our chances of surviving and reproducing.

I asked a friend, a medical doctor who has spent time with the Q’ero on Peru, whether the Q’ero would (if they could) intubate someone to prolong their life. “Of course not,” she said. “They would summon the shaman to help him die well.” Dying well (which isn’t necessarily the same as dying painlessly) is not much in today’s medical vocabulary. No hospital records are kept on whether patients die well. That would not be counted as a positive outcome. In the world of the separate self, death is the ultimate catastrophe.

But is it? Consider this perspective from Dr. Lissa Rankin: “Not all of us would want to be in an ICU, isolated from loved ones with a machine breathing for us, at risk of dying alone- even if it means they might increase their chance of survival. Some of us might rather be held in the arms of loved ones at home, even if that means our time has come…. Remember, death is no ending. Death is going home.”

When the self is understood as relational, interdependent, even inter-existent, then it bleeds over into the other, and the other bleeds over into the self. Understanding the self as a locus of consciousness in a matrix of relationship, one no longer searches for an enemy as the key to understanding every problem, but looks instead for imbalances in relationships. The War on Death gives way to the quest to live well and fully, and we see that fear of death is actually fear of life. How much of life will we forego to stay safe?

Totalitarianism – the perfection of control – is the inevitable end product of the mythology of the separate self. What else but a threat to life, like a war, would merit total control? Thus Orwell identified perpetual war as a crucial component of the Party’s rule.

Against the backdrop of the program of control, death denial, and the separate self, the assumption that public policy should seek to minimize the number of deaths is nearly beyond question, a goal to which other values like play, freedom, etc. are subordinate. Covid-19 offers occasion to broaden that view. Yes, let us hold life sacred, more sacred than ever. Death teaches us that. Let us hold each person, young or old, sick or well, as the sacred, precious, beloved being that they are. And in the circle of our hearts, let us make room for other sacred values too. To hold life sacred is not just to live long, it is to live well and right and fully.

Like all fear, the fear around the coronavirus hints at what might lie beyond it. Anyone who has experienced the passing of someone close knows that death is a portal to love. Covid-19 has elevated death to prominence in the consciousness of a society that denies it. On the other side of the fear, we can see the love that death liberates. Let it pour forth. Let it saturate the soil of our culture and fill its aquifers so that it seeps up through the cracks of our crusted institutions, our systems, and our habits. Some of these may die too.

What world shall we live in?

How much of life do we want to sacrifice at the altar of security? If it keeps us safer, do we want to live in a world where human beings never congregate? Do we want to wear masks in public all the time? Do we want to be medically examined every time we travel, if that will save some number of lives a year? Are we willing to accept the medicalization of life in general, handing over final sovereignty over our bodies to medical authorities (as selected by political ones)? Do we want every event to be a virtual event? How much are we willing to live in fear?

Covid-19 will eventually subside, but the threat of infectious disease is permanent. Our response to it sets a course for the future. Public life, communal life, the life of shared physicality has been dwindling over several generations. Instead of shopping at stores, we get things delivered to our homes. Instead of packs of kids playing outside, we have play dates and digital adventures. Instead of the public square, we have the online forum. Do we want to continue to insulate ourselves still further from each other and the world?

It is not hard to imagine, especially if social distancing is successful, that Covid-19 persists beyond the 18 months we are being told to expect for it to run its course. It is not hard to imagine that new viruses will emerge during that time. It is not hard to imagine that emergency measures will become normal (so as to forestall the possibility of another outbreak), just as the state of emergency declared after 9/11 is still in effect today. It is not hard to imagine that (as we are being told), reinfection is possible, so that the disease will never run its course. That means that the temporary changes in our way of life may become permanent.

To reduce the risk of another pandemic, shall we choose to live in a society without hugs, handshakes, and high-fives, forever more? Shall we choose to live in a society where we no longer gather en masse? Shall the concert, the sports competition, and the festival be a thing of the past? Shall children no longer play with other children? Shall all human contact be mediated by computers and masks? No more dance classes, no more karate classes, no more conferences, no more churches? Is death reduction to be the standard by which to measure progress? Does human advancement mean separation? Is this the future?

The same question applies to the administrative tools required to control the movement of people and the flow of information. At the present writing, the entire country is moving toward lockdown. In some countries, one must print out a form from a government website in order to leave the house. It reminds me of school, where one’s location must be authorized at all times. Or of prison. Do we envision a future of electronic hall passes, a system where freedom of movement is governed by state administrators and their software at all times, permanently? Where every movement is tracked, either permitted or prohibited? And, for our protection, where information that threatens our health (as decided, again, by various authorities) is censored for our own good? In the face of an emergency, like unto a state of war, we accept such restrictions and temporarily surrender our freedoms. Similar to 9/11, Covid-19 trumps all objections.

For the first time in history, the technological means exist to realize such a vision, at least in the developed world (for example, using cellphone location data to enforce social distancing; see also here). After a bumpy transition, we could live in a society where nearly all of life happens online: shopping, meeting, entertainment, socializing, working, even dating. Is that what we want? How many lives saved is that worth?

I am sure that many of the controls in effect today will be partially relaxed in a few months. Partially relaxed, but at the ready. As long as infectious disease remains with us, they are likely to be reimposed, again and again, in the future, or be self-imposed in the form of habits. As Deborah Tannen says, contributing to a Politico article on how coronavirus will change the world permanently, ‘We know now that touching things, being with other people and breathing the air in an enclosed space can be risky…. It could become second nature to recoil from shaking hands or touching our faces—and we may all fall heir to society-wide OCD, as none of us can stop washing our hands.” After thousands of years, millions of years, of touch, contact, and togetherness, is the pinnacle of human progress to be that we cease such activities because they are too risky?

Life is Community

The paradox of the program of control is that its progress rarely advances us any closer to its goal. Despite security systems in almost every upper middle-class home, people are no less anxious or insecure than they were a generation ago. Despite elaborate security measures, the schools are not seeing fewer mass shootings. Despite phenomenal progress in medical technology, people have if anything become less healthy over the past thirty years, as chronic disease has proliferated and life expectancy stagnated and, in the USA and Britain, started to decline.

The measures being instituted to control Covid-19, likewise, may end up causing more suffering and death than they prevent. Minimizing deaths means minimizing the deaths that we know how to predict and measure. It is impossible to measure the added deaths that might come from isolation-induced depression, for instance, or the despair caused by unemployment, or the lowered immunity and deterioration in health that chronic fear can cause. Loneliness and lack of social contact has been shown to increase inflammation, depression, and dementia. According to Lissa Rankin, M.D., air pollution increases risk of dying by 6%, obesity by 23%, alcohol abuse by 37%, and loneliness by 45%.

Another danger that is off the ledger is the deterioration in immunity caused by excessive hygiene and distancing. It is not only social contact that is necessary for health, it is also contact with the microbial world. Generally speaking, microbes are not our enemies, they are our allies in health. A diverse gut biome, comprising bacteria, viruses, yeasts, and other organisms, is essential for a well-functioning immune system, and its diversity is maintained through contact with other people and with the world of life. Excessive hand-washing, overuse of antibiotics, aseptic cleanliness, and lack of human contact might do more harm than good. The resulting allergies and autoimmune disorders might be worse than the infectious disease they replace. Socially and biologically, health comes from community. Life does not thrive in isolation.

Seeing the world in us-versus-them terms blinds us to the reality that life and health happen in community. To take the example of infectious diseases, we fail to look beyond the evil pathogen and ask, What is the role of viruses in the microbiome? (See also here.) What are the body conditions under which harmful viruses proliferate? Why do some people have mild symptoms and others severe ones (besides the catch-all non-explanation of “low resistance”)? What positive role might flus, colds, and other non-lethal diseases play in the maintenance of health?

War-on-germs thinking brings results akin to those of the War on Terror, War on Crime, War on Weeds, and the endless wars we fight politically and interpersonally. First, it generates endless war; second, it diverts attention from the ground conditions that breed illness, terrorism, crime, weeds, and the rest.

Despite politicians’ perennial claim that they pursue war for the sake of peace, war inevitably breeds more war. Bombing countries to kill terrorists not only ignores the ground conditions of terrorism, it exacerbates those conditions. Locking up criminals not only ignores the conditions that breed crime, it creates those conditions when it breaks up families and communities and acculturates the incarcerated to criminality. And regimes of antibiotics, vaccines, antivirals, and other medicines wreak havoc on body ecology, which is the foundation of strong immunity. Outside the body, the massive spraying campaigns sparked by Zika, Dengue Fever, and now Covid-19 will visit untold damage upon nature’s ecology. Has anyone considered what the effects on the ecosystem will be when we douse it with antiviral compounds? Such a policy (which has been implemented in various places in China and India) is only thinkable from the mindset of separation, which does not understand that viruses are integral to the web of life.

To understand the point about ground conditions, consider some mortality statistics from Italy (from its National Health Institute), based on an analysis of hundreds of Covid-19 fatalities. Of those analyzed, less than 1% were free of serious chronic health conditions. Some 75% suffered from hypertension, 35% from diabetes, 33% from cardiac ischemia, 24% from atrial fibrillation, 18% from low renal function, along with other conditions that I couldn’t decipher from the Italian report. Nearly half the deceased had three or more of these serious pathologies. Americans, beset by obesity, diabetes, and other chronic ailments, are at least as vulnerable as Italians. Should we blame the virus then (which killed few otherwise healthy people), or shall we blame underlying poor health? Here again the analogy of the taut rope applies. Millions of people in the modern world are in a precarious state of health, just waiting for something that would normally be trivial to send them over the edge. Of course, in the short term we want to save their lives; the danger is that we lose ourselves in an endless succession of short terms, fighting one infectious disease after another, and never engage the ground conditions that make people so vulnerable. That is a much harder problem, because these ground conditions will not change via fighting. There is no pathogen that causes diabetes or obesity, addiction, depression, or PTSD. Their causes are not an Other, not some virus separate from ourselves, and we its victims.

Even in diseases like Covid-19, in which we can name a pathogenic virus, matters are not so simple as a war between virus and victim. There is an alternative to the germ theory of disease that holds germs to be part of a larger process. When conditions are right, they multiply in the body, sometimes killing the host, but also, potentially, improving the conditions that accommodated them to begin with, for example by cleaning out accumulated toxic debris via mucus discharge, or (metaphorically speaking) burning them up with fever. Sometimes called “terrain theory,” it says that germs are more symptom than cause of disease. As one meme explains it: “Your fish is sick. Germ theory: isolate the fish. Terrain theory: clean the tank.”

A certain schizophrenia afflicts the modern culture of health. On the one hand, there is a burgeoning wellness movement that embraces alternative and holistic medicine. It advocates herbs, meditation, and yoga to boost immunity. It validates the emotional and spiritual dimensions of health, such as the power of attitudes and beliefs to sicken or to heal. All of this seems to have disappeared under the Covid tsunami, as society defaults to the old orthodoxy.

Case in point: California acupuncturists have been forced to shut down, having been deemed “non-essential.” This is perfectly understandable from the perspective of conventional virology. But as one acupuncturist on Facebook observed, “What about my patient who I’m working with to get off opioids for his back pain? He’s going to have to start using them again.” From the worldview of medical authority, alternative modalities, social interaction, yoga classes, supplements, and so on are frivolous when it comes to real diseases caused by real viruses. They are relegated to an etheric realm of “wellness” in the face of a crisis. The resurgence of orthodoxy under Covid-19 is so intense that anything remotely unconventional, such as intravenous vitamin C, was completely off the table in the United States until two days ago (articles still abound “debunking” the “myth” that vitamin C can help fight Covid-19). Nor have I heard the CDC evangelize the benefits of elderberry extract, medicinal mushrooms, cutting sugar intake, NAC (N-acetyl L-cysteine), astragalus, or vitamin D. These are not just mushy speculation about “wellness,” but are supported by extensive research and physiological explanations. For example, NAC (general info, double-blind placebo-controlled study) has been shown to radically reduce incidence and severity of symptoms in flu-like illnesses.

As the statistics I offered earlier on autoimmunity, obesity, etc. indicate, America and the modern world in general are facing a health crisis. Is the answer to do what we’ve been doing, only more thoroughly? The response so far to Covid has been to double down on the orthodoxy and sweep unconventional practices and dissenting viewpoints aside. Another response would be to widen our lens and examine the entire system, including who pays for it, how access is granted, and how research is funded, but also expanding out to include marginal fields like herbal medicine, functional medicine, and energy medicine. Perhaps we can take this opportunity to reevaluate prevailing theories of illness, health, and the body. Yes, let’s protect the sickened fish as best we can right now, but maybe next time we won’t have to isolate and drug so many fish, if we can clean the tank.

I’m not telling you to run out right now and buy NAC or any other supplement, nor that we as a society should abruptly shift our response, cease social distancing immediately, and start taking supplements instead. But we can use the break in normal, this pause at a crossroads, to consciously choose what path we shall follow moving forward: what kind of healthcare system, what paradigm of health, what kind of society. This reevaluation is already happening, as ideas like universal free healthcare in the USA gain new momentum. And that path leads to forks as well. What kind of healthcare will be universalized? Will it be merely available to all, or mandatory for all – each citizen a patient, perhaps with an invisible ink barcode tattoo certifying one is up to date on all compulsory vaccines and check-ups. Then you can go to school, board a plane, or enter a restaurant. This is one path to the future that is available to us.

Another option is available now too. Instead of doubling down on control, we could finally embrace the holistic paradigms and practices that have been waiting on the margins, waiting for the center to dissolve so that, in our humbled state, we can bring them into the center and build a new system around them.

The Coronation

There is an alternative to the paradise of perfect control that our civilization has so long pursued, and that recedes as fast as our progress, like a mirage on the horizon. Yes, we can proceed as before down the path toward greater insulation, isolation, domination, and separation. We can normalize heightened levels of separation and control, believe that they are necessary to keep us safe, and accept a world in which we are afraid to be near each other. Or we can take advantage of this pause, this break in normal, to turn onto a path of reunion, of holism, of the restoring of lost connections, of the repair of community and the rejoining of the web of life.

Do we double down on protecting the separate self, or do we accept the invitation into a world where all of us are in this together? It isn’t just in medicine we encounter this question: it visits us politically, economically, and in our personal lives as well. Take for example the issue of hoarding, which embodies the idea, “There won’t be enough for everyone, so I am going to make sure there is enough for me.” Another response might be, “Some don’t have enough, so I will share what I have with them.” Are we to be survivalists or helpers? What is life for?

On a larger scale, people are asking questions that have until now lurked on activist margins. What should we do about the homeless? What should we do about the people in prisons? In Third World slums? What should we do about the unemployed? What about all the hotel maids, the Uber drivers, the plumbers and janitors and bus drivers and cashiers who cannot work from home? And so now, finally, ideas like student debt relief and universal basic income are blossoming. “How do we protect those susceptible to Covid?” invites us into “How do we care for vulnerable people in general?”

That is the impulse that stirs in us, regardless of the superficialities of our opinions about Covid’s severity, origin, or best policy to address it. It is saying, let’s get serious about taking care of each other. Let’s remember how precious we all are and how precious life is. Let’s take inventory of our civilization, strip it down to its studs, and see if we can build one more beautiful.

As Covid stirs our compassion, more and more of us realize that we don’t want to go back to a normal so sorely lacking it. We have the opportunity now to forge a new, more compassionate normal.

Hopeful signs abound that this is happening. The United States government, which has long seemed the captive of heartless corporate interests, has unleashed hundreds of billions of dollars in direct payments to families. Donald Trump, not known as a paragon of compassion, has put a moratorium on foreclosures and evictions. Certainly one can take a cynical view of both these developments; nonetheless, they embody the principle of caring for the vulnerable.

From all over the world we hear stories of solidarity and healing. One friend described sending $100 each to ten strangers who were in dire need. My son, who until a few days ago worked at Dunkin’ Donuts, said people were tipping at five times the normal rate – and these are working class people, many of them Hispanic truck drivers, who are economically insecure themselves. Doctors, nurses, and “essential workers” in other professions risk their lives to serve the public. Here are some more examples of the love and kindness eruption, courtesy of ServiceSpace:

Perhaps we’re in the middle of living into that new story. Imagine Italian airforce using Pavoratti, Spanish military doing acts of service, and street police playing guitars — to *inspire*. Corporations giving unexpected wage hikes. Canadians starting “Kindness Mongering.” Six year old in Australia adorably gifting her tooth fairy money, an 8th grader in Japan making 612 masks, and college kids everywhere buying groceries for elders. Cuba sending an army in “white robes” (doctors) to help Italy. A landlord allowing tenants to stay without rent, an Irish priest’s poem going viral, disabled activitists producing hand sanitizer. Imagine. Sometimes a crisis mirrors our deepest impulse — that we can always respond with compassion.

As Rebecca Solnit describes in her marvelous book, A Paradise Built in Hell, disaster often liberates solidarity. A more beautiful world shimmers just beneath the surface, bobbing up whenever the systems that hold it underwater loosen their grip.

For a long time we, as a collective, have stood helpless in the face of an ever-sickening society. Whether it is declining health, decaying infrastructure, depression, suicide, addiction, ecological degradation, or concentration of wealth, the symptoms of civilizational malaise in the developed world are plain to see, but we have been stuck in the systems and patterns that cause them. Now, Covid has gifted us a reset.

A million forking paths lie before us. Universal basic income could mean an end to economic insecurity and the flowering of creativity as millions are freed from the work that Covid has shown us is less necessary than we thought. Or it could mean, with the decimation of small businesses, dependency on the state for a stipend that comes with strict conditions. The crisis could usher in totalitarianism or solidarity; medical martial law or a holistic renaissance; greater fear of the microbial world, or greater resiliency in participation in it; permanent norms of social distancing, or a renewed desire to come together.

What can guide us, as individuals and as a society, as we walk the garden of forking paths? At each junction, we can be aware of what we follow: fear or love, self-preservation or generosity. Shall we live in fear and build a society based on it? Shall we live to preserve our separate selves? Shall we use the crisis as a weapon against our political enemies? These are not all-or-nothing questions, all fear or all love. It is that a next step into love lies before us. It feels daring, but not reckless. It treasures life, while accepting death. And it trusts that with each step, the next will become visible.

Please don’t think that choosing love over fear can be accomplished solely through an act of will, and that fear too can be conquered like a virus. The virus we face here is fear, whether it is fear of Covid-19, or fear of the totalitarian response to it, and this virus too has its terrain. Fear, along with addiction, depression, and a host of physical ills, flourishes in a terrain of separation and trauma: inherited trauma, childhood trauma, violence, war, abuse, neglect, shame, punishment, poverty, and the muted, normalized trauma that affects nearly everyone who lives in a monetized economy, undergoes modern schooling, or lives without community or connection to place. This terrain can be changed, by trauma healing on a personal level, by systemic change toward a more compassionate society, and by transforming the basic narrative of separation: the separate self in a world of other, me separate from you, humanity separate from nature. To be alone is a primal fear, and modern society has rendered us more and more alone. But the time of Reunion is here. Every act of compassion, kindness, courage, or generosity heals us from the story of separation, because it assures both actor and witness that we are in this together.

I will conclude by invoking one more dimension of the relationship between humans and viruses. Viruses are integral to evolution, not just of humans but of all eukaryotes. Viruses can transfer DNA from organism to organism, sometimes inserting it into the germline (where it becomes heritable). Known as horizontal gene transfer, this is a primary mechanism of evolution, allowing life to evolve together much faster than is possible through random mutation. As Lynn Margulis once put it, we are our viruses.

And now let me venture into speculative territory. Perhaps the great diseases of civilization have quickened our biological and cultural evolution, bestowing key genetic information and offering both individual and collective initiation. Could the current pandemic be just that? Novel RNA codes are spreading from human to human, imbuing us with new genetic information; at the same time, we are receiving other, esoteric, “codes” that ride the back of the biological ones, disrupting our narratives and systems in the same way that an illness disrupts bodily physiology. The phenomenon follows the template of initiation: separation from normality, followed by a dilemma, breakdown, or ordeal, followed (if it is to be complete) by reintegration and celebration.

Now the question arises: Initiation into what? What is the specific nature and purpose of this initiation?The popular name for the pandemic offers a clue: coronavirus. A corona is a crown. “Novel coronavirus pandemic” means “a new coronation for all.”

Already we can feel the power of who we might become. A true sovereign does not run in fear from life or from death. A true sovereign does not dominate and conquer (that is a shadow archetype, the Tyrant). The true sovereign serves the people, serves life, and respects the sovereignty of all people. The coronation marks the emergence of the unconscious into consciousness, the crystallization of chaos into order, the transcendence of compulsion into choice. We become the rulers of that which had ruled us. The New World Order that the conspiracy theorists fear is a shadow of the glorious possibility available to sovereign beings. No longer the vassals of fear, we can bring order to the kingdom and build an intentional society on the love already shining through the cracks of the world of separation.

Celo: 0x755582C923dB215d9eF7C4Ad3E03D29B2569ABb6

Litecoin: ltc1qqtvtkl3h7mchy7m5jwpvqvt5uzka0yj3nffavu

Bitcoin: bc1q2a2czwhf4sgyx9f9ttf3c4ndt03eyh3uymjgzl

Dogecoin: DT9ECVrg9mPFADhN375WL9ULzcUZo8YEpN

Polkadot: 15s6NSM75Kw6eMLoxm2u8qqbgQFYMnoYhvV1w1SaF9hwVpM4

Polygon: 0xEBF0120A88Ec0058578e2D37C9fFdDc28f3673A6

Zcash: t1PUmhaoYTHJAk1yxmgpfEp27Uk4GHKqRig

Donate & Support

As much as possible I offer my work as a gift. I put it online without a pay wall of any kind. Online course contributions are self-determined at the time you register for each. I also keep the site clean of advertising.

This means I rely on voluntary financial support for my livelihood. You may make a recurring gift or one-time donation using the form below, in whatever amount feels good to you. If your finances are tight at all, please do not give money. Visit our contact page instead for other ways to support this work.

Recurring Donations

Note from the team: Your recurring donation is a resource that allows us to keep Charles doing the work we all want him doing: thinking, speaking, writing, rather than worrying about the business details. Charles and all of us greatly appreciate them!

Donate Below

One-Time Donation

Your gift helps us maintain the site, offer tech support, and run programs and events by donation, with no ads, sales pitches, or pay walls. Just as important, it communicates to us that this work is gratefully received. Thank you!

Donate Below

Cryptocurrency Donation

Hi, here we are in the alternate universe of cryptocurrency. Click the link below for a list of public keys. If your preferred coin isn't listed, write to us through the contact form.

View Keys



What kind of donation are you making?(Required)


Recurring Donation

We are currently accepting monthly recurring donations through PayPal; we use PayPal because it allows you to cancel or modify your recurring donation at any time without needing to contact us.


Choose what feels good, clear, and right.

One-Time Donation

We are currently accepting one-time donations with any major credit card or through PayPal.


Choose what feels good, clear, and right.
Donation Method(Required)

Name(Required)
Email(Required)
This field is for validation purposes and should be left unchanged.